Thomas Mann e as ideologias do ódio: “Irmão Hitler”
O rumo democrático de Thomas Mann, em cuja obra o fenômeno do fascismo encontra de suas representações literárias mais expressivas.
Read MoreO rumo democrático de Thomas Mann, em cuja obra o fenômeno do fascismo encontra de suas representações literárias mais expressivas.
Read More“Um velhinho, óculos grandes, olhos claros já um pouco glaucos pela idade, de baixa estatura, observava o salão, comendo aqui e ali um amendoim e tomando um copo de água. Outras duas cadeiras estavam ali, vazias, porém não ousei me acercar delas ou da mesa para, invasivamente, me sentar junto ao poeta. Dessa maneira, com um fio gelado arrepiado perpassando o centro de meu peito, comecei a andar pela livraria fingindo distração; na mão direita, empunhava o volume branco de Gullar.”
Até que o convite a sentar e conversar partisse do próprio poeta. Um relato de Rafael Rocca sobre uma tarde com Ferreira Gullar.
Read MoreEm uma parceria do Estado da Arte com a editora todavia, trazemos a introdução do filósofo Karl Jaspers à obra ‘A questão da culpa.’ “Unidade por coerção de nada serve; ela se esvai como um clarão na catástrofe.”
Read More“Parecerá estranho dizê-lo ante a imagem de luminosidade sobrenatural que envolve a experiência paulina, mas Paulo tinha — por mais excêntrico que seja lembrá-lo — carne, Paulo tinha ossos que reverberassem a queda. Quem for de carne e osso, então, viverá experiência semelhante à do autor. Provavelmente recordar-se-á de ter experimentado alguma reverência ante os livros quando da infância, ou de ter intuído certa aura ao redor de lombadas.”
Um ensaio de Hugo Langone sobre “o processo universal da descoberta: o poeta terá encontrado seu Ananias, terá sua Arábia, seu Tiago e seu Pedro; mas também conhecerá a experiência luminosa e anterior do alto, o chamado de uma luz que em alguma medida o cega, que lhe parece toda independente e que ele carregará consigo e tentará reproduzir.”
Read More“Quantas histórias de amor não acabaram tragicamente por causa do coronavírus? Quantos aspectos de A Peste, do Camus, não são vistos diariamente no nosso comportamento e no comportamento alheio? Como não entender completamente o tédio e o pavor que o isolamento origina nos personagens bergmanianos? Ou as tensões que o convívio fechado entre diferentes pessoas proporciona? E como não enxergar, de um jeito apocalíptico, a realidade em que nos vemos inseridos, com as incontáveis mortes, a crise econômica, os milhões de desempregados e as exigências da subsistência batendo à porta?
Algumas dessas histórias foram contadas por artistas que as viveram. O mesmo pode ser dito de pessoas que, em determinado momento histórico, as leram e viram. Hoje, podemos dizer que também fazemos parte desse grupo.”
Pandemia, isolamento e o poder da arte de ficção. Por Miguel Forlin.
Read MoreUma reflexão sobre como a dialética do desejo e da alteridade — aparentemente inconciliável em sujeitos que desejam justamente aquilo que não se submete — se desenvolve literariamente na novela Morte em Veneza, de Thomas Mann. Para Aschenbach, Veneza pouco importa. Por Bárbara Buril.
Read More“Nosso eu, nossa consciência e, consequentemente, o sentimento extremado de nós mesmos e da gratuidade de nós mesmos e do mundo exigem que reconheçamos que não somos mais do que a experiência inescapável da solidão, que nos forja, a um só tempo, com o sentido da angústia, do abandono e da incompletude — mas também com a necessidade, quase sempre irrealizável, de nos encontrarmos no outro, de nos realizarmos fora de nós mesmos, de nos doarmos, em alguma medida, ao mundo que nos abriga e que também é a extensão mais ou menos reconhecível de nós mesmos.”
Com Kierkegaard e Camus, Montaigne e Pascal, Beckett e Baudelaire, um ensaio do Prof. Márcio Scheel sobre a solidão. É preciso amá-la — e saber deixá-la também.
Read MoreEm literatura, como lidar com a zona cinzenta de personagens trágicos, marcantes, e que são, ao mesmo tempo, simples? Rafael Rocca enfrenta essa questão: partindo de dois romances judaicos do século XX — De repente, amor, de Aharon Appelfeld, e Shosha, de Isaac Bashevis Singer —, um ensaio sobre a personagem simples (que ganha dimensão para além de si mesma).
Read MoreDiferentemente do passado, estariam hoje os escritores relegados a um papel cada vez mais fragmentado e periférico? Uma reflexão sobre o poder dos contadores de histórias e o apelo centenário da personagem de tranças ruivas e cheia de sardas, Anne de Green Gables. Por Rafael Baliardo.
Read More“Na beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade. Fabiano também não sabia falar”. “Se temos a palavra ‘bom’, para que precisamos de ‘mau’? Cada palavra contém em si o contrário.” Partindo de Vidas Secas e 1984 — de Graciliano e Orwell —, um ensaio do jornalista Elton Frederick sobre a deturpação da linguagem, sobre a degradação de nossos compromissos semânticos. Sobre a necessidade de escrevermos em tábuas estreitas.
Read More“A excelente nova tradução de Memórias Póstumas de Brás Cubas, feita por Flora Thomson-DeVeaux e publicada nos Estados Unidos sob o selo Penguin Classics, tornou-se imediatamente um sucesso de vendas. Embora minha intenção fosse escrever uma resenha, este texto acabou se tornando, também, uma pequena reflexão sobre a recepção da literatura brasileira no exterior e sobre como ela afeta a nossa autoestima coletiva. No fundo, é um texto sobre o que essa nova tradução representa para nós, leitores brasileiros, nos dias de hoje.” Um ensaio do diplomata Hudson Caldeira sobre a nova tradução de Machado ao inglês, sobre nossa literatura, nosso orgulho e nossa insegurança.
Read More“Sucumbirá o império fáustico — magistral figuração da ‘velocífera’ sociedade industrial — às investidas dos elementos e a ameaças como a que desponta nas últimas palavras do colonizador? Ou seu legado está destinado a perdurar pelos séculos vindouros?” Para o Prof. Marcus Mazzari, “se o octogenário Goethe, concluindo a obra em que trabalhou ao longo de 60 anos, deixa essa questão em aberto, nela também se espelham hoje as incertezas de um mundo confrontado com ameaças como aquecimento global, mudanças climáticas, extinções de espécies ou irrupção de pandemias devastadoras.”
Read More“De certo modo, podemos afirmar que o amor por Albertine difere do amor por Gilberte na mesma medida em que o septeto difere da Sonata.” Para Thiago Blumenthal, “a Recherche é uma história de perdas transformada em coisas sensíveis”. Proust, um pouco de música, e Albertine (sempre ela).
Read More“Quando comecei a traduzir Graciliano Ramos, descobri que é até lugar comum referir-se a ele como ‘o Faulkner brasileiro’. Por quê?” É a pergunta de Padma Viswanathan, tradutora de ‘São Bernardo’ ao inglês, na nova edição da NYRB — uma tradução que busca corrigir essa questão, fazendo justiça ao nome de Graciliano.
Read MoreNa parceria do Estado da Arte com a editora todavia, trazemos ‘O Bildungsroman como forma simbólica’, de Franco Moretti.
Read More“É dos homens adultos, talvez também dos homens perturbados, perseguir uma ideia de pai. Na ausência do próprio, procuram a ideia de pai em outros homens, ou a negam completamente — e negam os homens, por consequência. A ideia de pai tem a ver com força, destreza, inteligência e responsabilidade. Tem a ver com imóveis, gravatas, automóveis e uma carteira que não cessa de prover a família. Isso para os outros homens. A minha ideia de pai tem a ver com insetos.” Leia, no Estado da Arte, um capítulo de Três Porcos, novo romance de Marcelo Labes a ser publicado em agosto de 2020.
Read More“Legível ou não, a poesia ossiânica é um marco remoto da confusão gerada por notícias falsas no mundo da arte. A moral da história, se é que há alguma, deveria sustentar-se na força da consciência individual e na posteridade como os melhores — e talvez únicos — juízes.” Um ensaio de André Chermont de Lima sobre o bardo Ossian: uma história de fake news no século XVIII.
Read More“Se há algo metafísico na narrativa machadiana, ela é dissecada até não sobrar um fiapo, e por isso não trazer resposta, com certo cinismo quase sensível. No retalho, no rasgo, a sociedade está desmontada, como desmontada está a camada psicológica de todo aquele universo íntimo e coletivo.” Machado de Assis rachado, em descontínuo, por Thiago Blumenthal.
Read More“A proporção e a vileza de nossa disfunção atinge proporções que já desafiam nosso vocabulário disponível, exigindo novos termos que captem essa inédita degradação humana.” Para a Prof. Kathrin Rosenfield, “regredimos para aquém da ordem dos jagunços, para aquém do patriarcal romantizado de Seu Ornelas. Para o fora da ordem dos catrumanos.”
Read MoreQuem é, afinal, a temida fera do título? As observações de Juliana Amato sobre o futuro, o passado, sobre A Fera na Selva, de Henry James.
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