Cinema

Celulares e redes sociais como mídia para fazer cinema

Por Neelam Tailor

As redes sociais são uma janela aberta, que permite um olhar constante para dentro da vida das pessoas. Frequentemente, nossas lembranças mais íntimas de uma pessoa são aquelas que vimos por último em seu “story” do Instagram. Ao mesmo tempo em que apresenta questões sociais e emocionais, essa espécie moderna de proximidade não foi apenas capturada por roteiros de cinema na Berlinale, mas artistas também a utilizaram como mídia para contar as histórias de hoje

Eu me senti muito próxima e conectada com o personagem Zaheer, interpretado por Riz Ahmed em Mogul Mowgli, e acho que foi porque o diretor Bassam Tariq, junto com Ahmed, conseguiu contar a história a partir de seu ponto de vista e através de sua própria – e literal – lente. Zaheer estava registrando sua própria vida, como fazem muitas celebridades, com a câmera frontal de seu celular. Ver o retrato, imagens levemente embaçadas, em uma tela grande do cinema passou uma impressão mais intuitiva e real do que as mídias cinematográficas mais clássicas.

Mignonnes: Imagem perfeita de uma filha de imigrantes pré-adolescente

O longa-metragem francês Mignonnes (Bonitinhas), da seção do festival voltada para o público jovem, me arrebatou completamente. A cineasta franco-senegalesa Maïmouna Doucouré pintou um retrato perfeito de como vive uma pré-adolescente filha de imigrantes no Ocidente. A criança de 11 anos em mim sentiu-se exposta quando assisti às inseguranças, à necessidade de aprovação e à guerra entre tradição e modernidade representadas na tela. Cresci sem redes sociais e fui, portanto, poupada dessas desgraças. A história contada por Doucouré dá um passo adiante, destacando os desejos das meninas, a feminilidade, a aceitação e o status dentro do Instagram e do Youtube.


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