Na parceria do Estado da Arte com a Editora 34, uma apresentação dos pequenos poemas em prosa de Baudelaire, reunidos em O spleen de Paris.
Se os críticos do tempo do classicismo desejavam conhecer tão de perto segredos de ateliê a ponto de dominarem as engrenagens da Beleza, a tentação dos hipercríticos contemporâneos é a de deixar-se encantar pelo jogo teórico e interno da própria crítica.
Ao início do século XX, literaturas tão diversas quanto a russa, as latino-americanas ou a chinesa terão seu movimento simbolista, que é também seu momento gálico; a sombra da França se confunde então à sombra de Baudelaire. Sob sua influência, a lírica francesa moderna se constitui como lírica moderna universal.
A preocupação pelo adorno é marca da nobreza primitiva da alma humana, diz Baudelaire: mesmo as crianças demonstram espontaneamente um encanto pelo que enfeita e embeleza. A moda, portanto, sinaliza o gosto do ideal que ultrapassa o natural, como uma deformação sublime da natureza ? ou melhor, como uma tentativa permanente e continuada de reforma da natureza.