Em nossa coluna de hoje, voltamos ao poeta e compositor Leonard Cohen, como motor para uma rápida discussão sobre a poesia que existe para além de sua forma convencional, ou seja, a forma versificada.
Há muito queria traduzir a parte recitativa que abre a canção "A thousand kisses deep", do Leonard Cohen, sem abrir mão do que aqui me parece central que é a musicalidade.
E o mundo musical não acabou em 2016. Era o que muitos de nós esperávamos, recebidos por um ano que deu palco, ainda no seus primeiros dias de boas-vindas, a morte de Pierre Boulez, Gilberto Mendes, David Bowie, e seguiu de coveiro eclético para Nikolaus Harnoncourt, Prince, Leonard Cohen, George Michael…
Em seu discurso ao receber o Nobel de Literatura em 1995, o poeta irlandês Seamus Heaney tocou num ponto que me parece essencial para a compreensão da experiência lírica: um poema é uma maneira de perceber o estar no mundo a partir de uma visão que é, ao mesmo tempo, estrangeira e particular.
Não posso deixar de registrar minha tristeza com a morte de Leonard Cohen. Ao lado de Bob Dylan, talvez Cohen seja o compositor pop que mais me fascina.
Aos 82 anos, com You want it darker, Leonard Cohen não parece disposto a abrir mão de sua busca por gravidade, desenvolvida ao longo dos cinquenta anos de carreira como músico, e desde antes como escritor: uma busca sobretudo estética.