Filipe Campello

Cinco livros para pensar o futuro

Alargar nosso vocabulário é uma maneira de se imaginar outros mundos possíveis. Pensando nisso, o filósofo Filipe Campello elenca cinco livros para pensar o futuro, ampliando as imagens e as palavras que nos são disponíveis.

A cegueira da justiça

Por Filipe Campello, um ensaio sobre os riscos de uma redução do horizonte das questões da justiça apenas à esfera jurídica e as patologias da juridificação diante das dimensões estruturais da injustiça — sobre o ponto cego da lógica jurídica diante daquilo que está implícito nas práticas sociais.

Em defesa da filosofia

Em tempos de confusão entre os tipos de argumentos que permitem uma avaliação crítica e moral de fatos históricos, Filipe Campello articula uma defesa da filosofia, tão deixada de lado em debates recentes. "Precisamos abandonar uma visão essencialista da história, de pretender que o passado traga em si respostas para o futuro, e assim poder encontrar na filosofia a possibilidade de abrir novas perspectivas e novos vocabulários para alargamento de nossa imaginação política. Apesar de suas contradições, é isso que vejo como estimulante no que chamo de aposta liberal: assumir de maneira incontornável o conflito próprio da pluralidade de visões de mundo. Esse é um tipo de postura que inclusive permite a crítica interna aos efeitos colaterais das ideais liberais sem precisar recorrer às mesmas imagens do passado."

O que resta da crítica estrutural?

Um ensaio de Filipe Campello sobre a crítica estrutural e o que resta dela. Sobre culpa, responsabilidade individual, cultura do cancelamento, sobre o vocabulário de nossa liberdade. Sobre o paradoxo do moralismo persecutório: "Ao invés de voltar-se para a crítica a formas estruturais de injustiça, o que o uso equivocado de conceitos como lugar de fala e outras práticas como linchamento virtual e cancelamento têm feito é o patrulhamento sobre quem pode ou não falar, muitas vezes assumindo um caráter cerceador da liberdade e de interdição do discurso. No limite, ele joga fora tanto as dimensões estruturais da crítica quanto a possibilidade de responsabilização individual — ou seja, a capacidade que cada um tem de rever suas próprias posições."

A raiva e a desobediência civil – ou sobre paixões e interesses

"Raiva, indignação ou ódio sempre estiveram impregnados nas formas de mobilização política. O problema — aliás, fundamentalmente filosófico — é que nem sempre eles carregam em si mesmo os critérios de legitimidade moral. A régua sobre a legitimidade moral dos afetos é uma disputa, e os discursos que se arrogam a falar em nome do “povo” correm o risco de conter traços proto- ou escancaradamente fascistas." É a análise de Filipe Campello, em uma publicação do Estado da Arte com o projeto Bolsonarismo: o Novo Fascismo Brasileiro, do Labô/PUC-SP.

De onde fala a filosofia?

Por ironia do destino, argumentos semelhantes aos que Agamben apresenta em recentes textos — cerceamento de liberdade, aumento de vigilância, legitimação de um Estado de exceção — passariam a ser encontrados também nas reações da ultradireita diante das medidas de isolamento social e lockdown. De onde fala a filosofia?