Rodrigo Toniol

A estrutura do negacionismo

“Negacionismo é antes de tudo uma atitude, um modo de agir no mundo a partir do qual a negação é apenas uma de suas formas de manifestação. não é atitude passiva, mas parte de uma posição ativa, que postula realidades de mundo numa agenda que pouco tem de defensiva. Estruturalmente, o objeto da negação não são os fatos, não é isso o que está em jogo. Antes, nega-se o próprio enunciador daquilo que se nega.” Por Rodrigo Toniol, um ensaio sobre a estrutura do negacionismo enquanto disposição ativa de recusa da alteridade.

A miragem do novo normal

"A pandemia no Brasil se consolidou a partir de uma cadeia paradoxal de fatos, a partir da qual para cada noção que a afirma temos que lidar com elementos que as negam. Sobre nossos noventa mil mortos marcha uma lógica que se recusa até a afirmar condolências. Aos mortos nega-se a própria morte." E "se o paradoxo dessa nossa pandemia é tão explícito quanto os atos falhos daqueles que a sustentam, também temos nos deparado fórmulas um pouco mais sutis, mas igualmente comprometidas com o realismo mágico que move uma multidão a adorar uma caixa de remédio." Para Rodrigo Toniol, "esse é o caso da ideia de um novo normal, mais um ato falho que agora aguça imaginações", que "escracha nossa pulsão normalizadora do caos".

É preciso enxergar o fascismo além do “Fascista!”

"Passar do jogo acusatório que aponta “fascista!” e ir para a identificação do fascismo eterno parece ser um passo fundamental", diz Rodrigo Toniol. "Afinal, nessa disputa o problema não é o jogador, mas o jogo que estamos tendo que jogar." A análise de Rodrigo Toniol, em uma publicação do Estado da Arte com o projeto Bolsonarismo: o Novo Fascismo Brasileiro, do Labô/PUC-SP.

Além do vírus: Não há pandemia sem Estado

Essa é a hora de ouvir e levar a sério os biólogos, médicos, enfermeiros e sanitaristas sobre a prevenção e cuidado com o vírus, mas também é o momento para retomar a produção de mais de um século das ciências sociais sobre epidemiologia, Estado e desigualdades.

Yoga é religião?

a partir da década de 1980, quando, no âmbito da própria OMS, yoga passou a ser descrita como uma técnica terapêutica. E não somente isso, apresentada como uma técnica cuja eficácia não depende do pertencimento cultural a grupos específicos, mas que pode ser comprovada a partir de testes clínicos. A ciência operou como mediadora do processo de “desreligiosização" da prática, permitindo que ela se convertesse, no Ocidente, em uma técnica de saúde.