por Desidério Murcho
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Será que Deus existe? Qualquer pessoa compreende superficialmente esta pergunta. Porém, enquanto não se explicar o que se entende por “Deus”, a pergunta é demasiado vaga. Ao longo da história da humanidade foram surgindo várias concepções de deuses — dos pré-históricos aos da Grécia da Antiguidade, passando pelos deuses do Egipto clássico, e também da China e da Índia, dos Astecas e dos Maias, entre tantos outros. Quando se pergunta se Deus existe, qual desses inúmeros deuses se tem em mente? Na Europa, desde o século IV que divindade cristã ganhou proeminência cultural, política, social — e também filosófica. E é por isso que na filosofia europeia se entende quase sempre aquela pergunta tendo em mente exclusivamente o conceito teísta de divindade.
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Ora, nem todas as divindades são teístas; Apolo e Rá são divindades, mas não são teístas. As divindades teístas são, entre outras coisas, omnipotentes, omniscientes, sumamente boas, criadoras e transcendentes, além de serem também pessoas. Mas que quer isto dizer?
Ser omnipotente é o mesmo que ser todo-poderoso. Mas isto não significa que uma divindade omnipotente tenha o poder de fazer coisas impossíveis, como tornar ímpar o número 2. Assim, ser omnipotente é apenas ter o poder de fazer tudo o que é possível fazer. De maneira semelhante, ser omnisciente é o mesmo que ser sumamente sábio. As divindades omniscientes sabem tudo o que é possível saber. Isto também não significa que sabem realmente tudo, porque há várias coisas que é impossível saber. Por exemplo, é impossível saber que existe um número par maior que qualquer outro, simplesmente porque não existe tal número.
Quanto à suma bondade, é o mesmo que ser omnibenevolente ou moralmente perfeito. As divindades sumamente boas só fazem e querem o bem. Isto significa que uma divindade sumamente boa não promove nem faz coisas más; porém, talvez algumas coisas más sejam consequências inevitáveis das boas que a divindade promove.
As divindades criadoras são as autoras de toda a realidade espácio-temporal; criaram o Universo, com tudo o que contém, e não apenas algumas partes do Universo. Isto não significa que criaram cada coisa individualmente; talvez isso seja assim, ou talvez não — talvez tenham criado o Big Bang, por exemplo, de maneira a que mais tarde surgissem naturalmente planetas e seres humanos.
As divindades transcendentes são distintas do Universo, ou seja, estão para lá dele; não são imanentes, ou seja, não são o próprio Universo, nem sequer quaisquer partes do Universo (como o Sol ou a trovoada). Isto não significa que estejam para lá da realidade; o que significa é que a realidade não se reduz ao Universo espácio-temporal.
Finalmente, as divindades que são pessoas têm estados mentais (pensam, querem e sentem) e agem de acordo com esses estados; não são meras forças da natureza, como a trovoada ou um ciclone. Isto não significa que sejam pessoas humanas; são pessoas, mas divinas.
As divindades só são teístas quando têm todas estas características em conjunto, além de outras. Uma divindade que tenha apenas algumas delas, mas não todas, não é teísta. Por outro lado, em religiões diferentes presta-se culto a diferentes divindades teístas. A divindade judaica é diferente da cristã, que por sua vez é diferente da islâmica — mas as três são teístas. O que as torna diferentes são outras características que não cabe aqui referir.
Quando se especifica estas características das divindades teístas não se está disfarçadamente a pressupor que existe realmente uma divindade que seja assim; talvez não exista divindade alguma, teísta ou não; ou talvez existam divindades, mas que não sejam teístas porque não têm uma ou mais das características especificadas. O que interessa é explicitar com algum rigor o que se entende quase sempre na filosofia europeia com a palavra “Deus”.
É importante não confundir o teísmo com o deísmo, que é a ideia de que o Universo tem origem numa divindade criadora que não tem outras características teístas, como ser uma pessoa sumamente boa. Tanto o deísmo como o teísmo são formas de monoteísmo porque se considera em ambos os casos que só há uma divindade propriamente dita (ainda que talvez existam outras entidades sobrenaturais, como demónios e anjos). Assim, contrastam ambas com o politeísmo, que é a crença de que existem várias divindades. O henoteísmo é uma forma de politeísmo na qual se reconhece a existência de várias divindades, mas se presta culto apenas a uma delas.
Esclarecido que foi brevemente o conceito de divindade que se tem aqui em mente, valerá a pena tentar saber se há ou não boas razões para acreditar que existe tal entidade? Muitas pessoas encaram a crença religiosa como uma opção meramente pessoal; consideram que perguntar se Deus existe, e esperar uma resposta filosófica, é descabido. A ideia é que as pessoas teriam a liberdade de acreditar ou não que Deus existe, consoante quiserem uma coisa ou outra, e que não seria apropriado questionar a sua crença, ou descrença.
Essa, contudo, não tem sido a posição filosófica ao longo dos séculos, incluindo da maior parte dos filósofos crentes. E há boas razões para considerar que a hipótese de Deus existir é de levar muito a sério filosoficamente, ainda que as crenças religiosas das pessoas tenham muitos aspectos emocionais e pessoais. Eis duas dessas razões.
Em primeiro lugar, caso Deus exista, a realidade é muitíssimo diferente do que no caso de Deus não existir. Uma pessoa que tenha curiosidade intelectual quer conhecer os aspectos mais profundos da realidade, ou pelo menos tentar conhecê-los. Da mesma maneira que uma pessoa com curiosidade intelectual quer saber de que é feito o Sol, o que é a água ou por que razão se extinguiram os Neandertais, ela quer também saber se a realidade é exclusivamente o produto de forças naturais, ou se pelo contrário existe algo além da matéria e da energia, nomeadamente uma divindade, ou mais de uma.
Em segundo lugar, quem tem curiosidade intelectual quer saber se há boas razões para acreditar que Deus existe, ou se é apenas uma espécie de gosto pessoal trivial, como preferir sardinhas a carapaus. Talvez seja muito comum acreditar em Deus porque essa crença é reconfortante nos piores momentos da vida, ou simplesmente porque fomos educados para ter medo de duvidar da existência de Deus. Porém, quem tem curiosidade intelectual quer saber duas coisas: há boas razões para acreditar que Deus existe? Se não há, é razoável, apesar disso, acreditar que Deus existe? Estes dois problemas são como que as traves-mestras da filosofia da religião. E o primeiro é o problema fundacional. Que razões há para concluir que a divindade teísta existe? Ou que não, que não existe? Há três linhas de raciocínio que têm sido desenvolvidas ao longo da história da filosofia e que procuram provar que Deus existe: os argumentos cosmológicos, os teleológicos (ou do desígnio) e os ontológicos.
Vejamos apenas o caso dos argumentos cosmológicos. Nestes, a ideia principal é defender que sem pressupor que Deus existe não se consegue explicar adequadamente a existência do Universo, ou seja, do Cosmos — daí o nome. Há vários argumentos cosmológicos, mas será aqui examinado apenas um dos mais simples.
Actualmente, há um conhecimento ímpar da origem das coisas, incomparável ao que se tinha até ao século XX. Sabe-se como surgiram os seres humanos, como surgiu a vida na Terra, como se formou a própria Terra e como se formou o nosso sistema solar. Sabe-se também como se formou a nossa galáxia e as outras, e como se deu o Big Bang. Em todos estes casos, as explicações científicas são iluminantes, profundas e completas. Por isso, tornou-se evidente que não se conclui que Deus existe só porque se quer explicar a existência da Terra, do sistema solar, ou até da galáxia; em todos estes casos, as explicações científicas são perfeitamente suficientes.
Contudo, persiste alguma dúvida sobre a origem do próprio Big Bang. O que o provocou? Uma vez que o Big Bang é a origem não apenas do espaço, mas também do próprio tempo, é evidente que não havia um tempo anterior ao Big Bang, depois do qual este ocorreu. Não havia um “antes do Big Bang” pela simples razão de que o próprio tempo tem origem no Big Bang. Mas, então, como explicar a ocorrência do Big Bang?
É tentador pretender concluir que há uma causa do Big Bang, partindo da premissa simples de que tudo tem uma causa. Conclui-se então que a causa do Big Bang foi Deus. Uma vez que depois se declara que Deus não tem causa, a conclusão brilhante a que se chega contradiz a premissa de que tudo tem uma causa. Escusado será dizer, esta maneira de raciocinar não prima pela sagacidade. Por isso, é mais promissor começar com a premissa de que todas as coisas espácio-temporais têm causa — Deus não tem causa precisamente porque não é uma entidade espácio-temporal. Porém, porque o Big Bang é a origem do próprio tempo, é incoerente imaginar que algo o causou, porque as causas dão-se no tempo. Talvez uma entidade sobrenatural, como Deus, tenha criado o Big Bang, mas essa criação não foi um processo causal.
Quando se pretende concluir que Deus existe com base em considerações como estas, trata-se de um argumento cosmológico: a ideia é que sem Deus não se consegue explicar a existência do próprio Universo. Mas os argumentos cosmológicos dividem-se em duas categorias. Por um lado, os que pressupõem que o Universo nem sempre existiu; por outro, os que pressupõem que sempre existiu. Vejamos um argumento cosmológico de Tomás de Aquino, que pressupõe que o Universo nem sempre existiu.
Tomás de Aquino foi um influente teólogo do século XIII. Nascido em 1225, no que é hoje a Itália, morreu em 1274, sem completar cinquenta anos. Foi professor na Universidade de Paris, e a sua influência teológica foi gigantesca; chama-se tomismo à corrente teológica que se baseia no seu pensamento. Muitas das principais ideias da igreja católica são, ainda hoje, tomistas. Desde 1567 é um dos chamados “doutores da igreja” foi canonizado em 1323 pelo Papa João XXII.
Tomás formulou diferentes argumentos cosmológicos a favor da existência de Deus. O mais simples é o seguinte:
“Se o mundo e o movimento têm um início primeiro, alguma causa tem claramente de ser postulada para dar conta desta origem do mundo e do movimento. O que surge de novo tem de ter origem em alguma causa inovadora, dado que nada se faz a si próprio vir da potência ao acto, ou do não-ser ao ser.” (Tomás, Suma Contra os Gentios, I.13)
Este é o argumento cosmológico a favor da existência de Deus que Tomás considerava mais fácil, porque pressupõe que o mundo (no sentido de “Universo”) tem um início. Mas será um bom argumento?
O fundamental do argumento que Tomás tem em mente resume-se e adapta-se do seguinte modo: ou o Big Bang surgiu do nada, ou algo o fez surgir; mas o Big Bang não surgiu do nada; logo, algo o fez surgir. Este raciocínio é válido na lógica clássica (mas não noutras lógicas): é um silogismo disjuntivo. De notar que se o raciocínio não fosse válido, não valeria a pena tentar descobrir se as premissas são verdadeiras. Isto porque, nesse caso, mesmo que as premissas fossem verdadeiras, isso não provaria que a conclusão também o é. Porém, o raciocínio atribuído a Tomás é válido (na lógica clássica); e é por isso que vale a pena tentar saber se as premissas são verdadeiras. Se forem, o raciocínio prova que a conclusão é verdadeira.
A segunda premissa é defendida pelo próprio Tomás no texto citado: “O que surge de novo tem de ter origem em alguma causa inovadora, dado que nada se faz a si próprio vir da potência ao acto, ou do não-ser ao ser.” (Tomás, Suma Contra os Gentios, I.13)
Adaptando as ideias, o raciocínio de Tomás é apenas que o Big Bang não surgiu do nada porque de coisa nenhuma, nenhuma coisa surge: quando surge seja o que for, outra coisa qualquer a fez surgir. A terminologia de Tomás é um pouco técnica — sob influência de Aristóteles, que era o filósofo que ele mais citava — mas não é difícil. A expressão “vir da potência ao acto” significa apenas passar da mera possibilidade de existir para a existência propriamente dita. Por exemplo, quando temos um conjunto de tijolos, cimento e um projecto, a casa que se pretende construir está ali em potência: há a possibilidade de passar a existir. Quando finalmente a construímos, passa a estar em acto e não apenas em potência. Na outra formulação presente nesta passagem, Tomás afirma que nada passa por si do não-ser ao ser — ou seja, da inexistência para a existência.
Em resumo, Tomás pensa que pressupor que o Universo teve origem num acontecimento como o Big Bang permite concluir rapidamente que algo é responsável por este mesmo acontecimento, porque a alternativa seria aceitar que o Big Bang surgiu do nada. E esta alternativa parece obviamente falsa ou pelo menos implausível.
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É importante fazer notar que este raciocínio, só por si, não prova que Deus é o responsável pela ocorrência do Big Bang, nem é isso que se pretende. Tudo o que se pretende concluir é que algo que não o próprio Big Bang é responsável pela sua ocorrência. Será depois preciso tentar provar que esse algo é de uma natureza muitíssimo diferente do próprio Universo — que é uma entidade sobrenatural. Além disso, será ainda preciso provar que essa entidade é uma divindade teísta — e não apenas deísta, por exemplo.
O raciocínio de Tomás é certamente simples e muitíssimo razoável. Baseia-se numa ideia que parece óbvia: quando uma coisa qualquer surge, algo diferente dela a fez surgir. Efectivamente, essa é a nossa experiência científica: qualquer entidade surge formando-se a partir de outras. Nunca se teve conhecimento do aparecimento de entidades que não tenham surgido de outras. Claro que na vida quotidiana muitas vezes parece que surgem coisas do nada — uma trovoada sem causas evidentes, ou uma flor que nasce num lugar surpreendente. Mas o conhecimento científico mostra que isso é ilusório; todos os fenómenos observados e todas as coisas observadas do Universo surgem de outras. Por isso, Tomás parece ter razão: Deus existe porque, de outro modo, o Big Bang não surgiu de coisa alguma, e isso parece incompatível com o próprio conhecimento científico.
Contudo, as coisas não são assim tão simples. Vejamos duas dificuldades.
É importante não esquecer que o Big Bang é um acontecimento único e muitíssimo diferente de toda a nossa experiência: entendido de certa maneira, é a criação de toda a matéria e de toda a energia do Universo, assim como do próprio tempo. Não há qualquer razão para pensar que esse acontecimento extraordinário está de acordo com a nossa experiência científica. Talvez o Big Bang não tenha realmente surgido de uma coisa qualquer; talvez tenha pura e simplesmente surgido.
Contudo, é aqui que se esconde uma confusão que é crucial não fazer. A hipótese de o Big Bang não ter surgido de algo (nem de si próprio) é muitíssimo diferente da hipótese — admitidamente absurda — de ter sido causado pelo nada. Dizer que o Big Bang não teve causa porque não surgiu de algo é dizer apenas que nada existia, e subitamente ocorreu o Big Bang; não é dizer que o nada causou o aparecimento do Big Bang. É importante não confundir estas duas hipóteses, que são bastante diferentes. Compare-se as seguintes afirmações: 1) O Tomás decidiu ir ao cinema sem base em qualquer motivo. 2) O Tomás decidiu ir ao cinema com base em nenhum motivo. A afirmação 2 é absurda ou tola, a menos que seja entendida como sinónima de 1, que é perfeitamente razoável. Em 2 estamos a dizer literalmente uma coisa tola: que um não-motivo é o motivo da decisão do Tomás. Em 1 estamos a dizer que a sua decisão não teve motivo. São duas coisas marcadamente diferentes.
Do mesmo modo, dizer que o Big Bang não surgiu de algo é muito diferente de dizer que foi causado pelo nada. A hipótese do Big Bang que está em discussão não é esta tolice; é apenas a ideia de que nada causou o Big Bang, e não que o nada o causou.
Por isso, não é assim tão óbvio que a hipótese do Big Bang seja absurda, desde que não seja interpretada de maneira abusiva, como a afirmação tola de que o nada é a sua causa. Apesar disso, parece razoável insistir, com Tomás, que a hipótese do Big Bang, interpretada dessa maneira caridosa, nos deixa perplexos porque não explica a sua razão de ser. A ideia, afinal, é que nada existia e de súbito, sem qualquer causa, dá-se o Big Bang. Esta objecção é razoável, mas é aqui que surge a segunda dificuldade da maneira como Tomás raciocina.
A hipótese do Big Bang é realmente estranha, por duas razões. Primeiro, porque não está de acordo com a nossa experiência científica: nunca se observou uma coisa ou acontecimento surgir apenas, sem ter surgido de algo. Em segundo lugar, porque se fica perplexo, pois não se conseguiu explicar por que razão ocorreu o Big Bang — apenas ocorreu, e pronto; não se sabe porquê.
Porém, estas duas razões aplicam-se igualmente à posição teísta. Segundo esta posição, Deus criou o Big Bang. Como é evidente, nunca se observou uma divindade a criar uma coisa ou acontecimento — nem a partir de outra coisa, nem sem partir de algo. Além disso, a hipótese teísta também não explica como conseguiu Deus criar o Big Bang sem partir de matéria e energia previamente existentes. Quando se imagina uma intervenção sobrenatural é apenas uma espécie de causa diferente em poder ou natureza das causas comuns, mas não menos causal. Imagina-se, por exemplo, que uma divindade olha para uma pedra e só com o poder do pensamento consegue erguê-la; mas isto é apenas uma intervenção causal como qualquer outra, apesar de ser mais exótica. Num microondas também se consegue aquecer um copo de água com ondas electromagnéticas invisíveis. Nada disto é relevante, porém, para essa situação radical em que Deus cria toda a matéria e energia sem partir de qualquer outra matéria e energia prévias, e sem recorrer a processos causais. Isto é inaudito.
Em suma, a segunda dificuldade é que a mesmíssima razão que faz um teísta duvidar da plausibilidade da hipótese do Big Bang sem Deus, faz qualquer pessoa imparcial duvidar da plausibilidade da criação divina do Big Bang. E essa razão é precisamente a criação não-causal e sem partir de qualquer matéria e energia prévias. Fica-se assim num dilema: ou a hipótese da criação teísta é aceitável, mas a do Big Bang sem Deus também o é; ou a hipótese do Big Bang sem Deus não é aceitável, mas nesse caso a hipótese da criação teísta também não o é.
Em suma, e como se começou por mencionar, há várias versões de argumentos cosmológicos a favor da existência de Deus. A versão aqui examinada é a que de maneira mais simples e directa parece provar que Deus existe. O próprio Tomás deu mais atenção à hipótese de o Universo ser eterno, pois considerava que isso tornava mais difícil provar a existência de Deus. Porém, se o argumento que o próprio Tomás considerava que mais facilmente provava a existência de Deus está longe de o fazer, não é de esperar que os outros sejam mais bem-sucedidos.
É importante sublinhar que se enfrenta uma dificuldade metodológica importante. Por um lado, é preciso examinar uma prova de cada vez; por outro, só no cômputo geral, comparando cuidadosamente a força das provas a favor e contra, se estabelece algo de decisivo. Mesmo que a prova de Tomás fosse forte, seria ainda preciso ver se não há outras provas mais fortes contra a existência de Deus. E vice-versa: mesmo que as objecções contra o raciocínio de Tomás sejam realmente fatais, como parecem, é preciso ainda ver se haverá outros argumentos cosmológicos que lhes sejam imunes.
Bem-vindo à filosofia.
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