por Rafael Baliardo
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Clint Eastwood é, sem favor algum, um ícone cultural e, com a idade, tornou-se um cineasta engenhoso, capaz de converter os lugares-comuns sobre masculinidade e violência, que marcaram seus papéis como ator, em filmes de alentada expressão estética. No plano pessoal, contudo, especialmente no que toca a política, pode dar a impressão de parecer mais a caricatura de um libertário, desses que passaram os olhos descuidadamente em Walden e alimentam a paranoia superficial em relação a questões como a autoridade e o tamanho do Estado.
No segundo semestre do distante ano de 2012, durante as convenções primárias do Partido Republicano que chancelariam o candidato desafiante na campanha à reeleição do então presidente Barack Obama, Clint Eastwood subiu ao palco, sob os aplausos de correligionários conservadores, e surpreendeu o país com uma performance que fez manchetes mundo afora. O ator resolveu explorar suas habilidades profissionais para criticar o presidente Obama, ao invés de recorrer à usual litania de desaprovação e discordâncias, feita ao microfone, direcionadas ao governante da vez. Diante de uma cadeira vazia, Clint Eastwood pôs-se a conversar com Obama, como se o presidente estivesse ali, sentado a poucos metros.
“O que você quer que eu diga ao [Mitt] Romney (então governador de Massashusetts, que acabou sendo escolhido para enfrentar Obama)?”, perguntou o ator ao encarar convicto a cadeira vazia. “Não posso pedir para ele fazer isso consigo mesmo [ter de assumir o governo e salvar o país, na visão do ator], mas, você está indo tão mal quanto o próprio Biden… e, claro, todos sabemos que Biden é o intelecto do Partido Democrata, uma espécie de corpo por detrás de um sorriso arreganhado”, disparou Eastwood.
Mordaz, o ator prosseguiu falando com a cadeira vazia. “É uma desgraça nacional! Talvez seja a hora de chamar alguém diferente para resolver o problema”, disse o ator em um dado momento. “Eu penso que se você apenas se afastasse, o Sr. Romney poderia assumir o controle. Acho que deixariam você, pelo menos, viajar ainda de jato, talvez”, ironizou mais adiante durante sua fala.
Poucas horas após a apresentação de Clint Eastwood, anedotas e discussões sobre sua performance tomaram as redes sociais, com a proliferação de postagens de pessoas conversando com cadeiras vazias. Mesmo colegas de Eastwood e celebridades de Hollywood não se furtaram de alimentar a polêmica. O ator veterano George Takei, conhecido por interpretar o timoneiro Sulu na série original de Star Trek, na década de 1960, provocou o colega, prometendo que faria o mesmo na convenção democrata a ocorrer na semana seguinte, só que “ao invés de usar uma cadeira vazia, faria sua performance numa fábrica vazia” — escreveu no Twitter, ironizando o descalabro financeiro de 2008, desencadeado ainda sob a gestão do republicano George Bush.
Foi então que alguém lembrou que interagir com uma cadeira, com o intérprete fingindo dialogar com o interlocutor imaginário, não era um recurso exclusivo do treinamento de atores, apesar da técnica ser amplamente adotada como prática de ensaio e exercícios teatrais. Trata-se, na verdade, de um expediente psicoterapêutico com paternidade amplamente reivindicada e, dessa forma, não tardou para que a imprensa americana realizasse o eventual escrutínio sobre as origens da técnica e trouxesse à tona o nome de seu inventor, o psiquiatra de origem romena naturalizado norte-americano Jacob Levy Moreno (1889-1974), conhecido como o criador do psicodrama.
Na semana seguinte à apresentação de Clint Eastwood, o filho de J.L. Moreno publicou um artigo no The New York Times criticando o ator pelo uso da técnica desenvolvida por seu pai, para embasar uma visão política “tão estreita”. Professor de Ética Médica e Políticas Sanitárias na Universidade da Pensilvânia e autor de um livro sobre a percepção pública e a politização do debate científico (The Body Politic: The Battle Over Science in America, Bellevue Literary Press, 2011), Jonathan D. Moreno censurou abertamente o ator, porque, para que o recurso fosse efetivo (pelo menos terapeuticamente), faltou que Eastwood se sentasse à cadeira e se colocasse no lugar de Obama.
“Frequentemente, as pessoas se sentem melhor tendo a oportunidade de criticar alguém diante da cadeira vazia”, escreveu Jonathan Moreno no Op-Ed publicado em 1o de setembro de 2012 sob o título de O que a cadeira poderia ter dito a Clint. “Certamente é agradável, e talvez até catártico, ser capaz de dizer coisas raivosas e sarcásticas para alguém que nos magoou ou nos decepcionou”, prosseguiu com algum sarcasmo o autor do artigo, um dos mais proeminentes especialistas em bioética dos EUA. Como o próprio Jonathan Moreno fez questão de destacar no texto do The New York Times, algumas das técnicas criadas pelo seu pai foram comparadas àquelas desenvolvidas pelo russo Konstantin Sergeivich Stanislavsky, que tiveram enorme influência especialmente no teatro norte-americano e se tornaram populares quando Marlon Brando aplicou o receituário em “Um Bonde Chamado Desejo”, levado às telas pelo cineasta Elia Kazan em 1951.
Visto com algum ceticismo especialmente na América do Norte e em alguns países da Europa, o psicodrama é mais conhecido por ter sedimentado as bases das terapias de grupo e pela personalidade absolutamente exótica de seu inventor. Os hoje-em-voga métodos de “resolução de conflitos” também lhe devem um considerável múnus, já que Moreno, repetidas e frustradas vezes, tentou se intrometer em imbróglios políticos e diplomáticos, convencido de que somente o despudor de se entregar a dramatizações com fins terapêuticos seria capaz de desarmar a bomba-relógio programada pela longa experiência civilizatória dos primatas humanos.
Judeu de raízes sefaraditas (extrato étnico de origem ibérica que acabou se dispersando, ao longo dos séculos, por regiões que vão da Turquia aos Países Baixos), Jacob Moreno deve de ser avaliado sob a mesma perspectiva de alguns dos pensadores originais da era de ouro do conhecimento psicológico, que floresceu nas primeiras décadas do século 20 e adiante, como Freud, Jung e Lacan. Há ainda, porém, certa resistência de incluí-lo entre os fundadores de tradições da psicologia, porque prevalece, sobretudo na seara acadêmica, quando não a indiferença, o julgamento de que ele foi tão somente um intelectual de índole mística que acabou desenvolvendo uma escola psicoterapêutica — embora, o mesmo possa ser dito sobre Carl Jung e, de Freud, que foi mais um pensador e homem de Letras, e de Lacan, um rebento do affair entre a linguística e o estruturalismo. A exemplo de Freud, Jung e Lacan, Moreno também tinha a formação de médico.
Isso posto, a teoria dos papéis sociais concebida por ele ainda mobiliza seguidores e provoca detratores. Em lugares como a América Latina, e especialmente o Brasil, suas ideias ainda encontram ressonância e nichos próprios, embora tenha sido nos Estados Unidos que ele destrinchou a essência de seu trabalho. Quem o rejeita, geralmente reduz Moreno aos reincidentes acessos de megalomania (que supostamente nutria desde a infância, acometido por fantasias em que se confundia com Deus). Ou então o esnobam porque as premissas ambiciosas sobre as quais se sustenta o psicodrama são consideradas labirínticas e vagas demais para serem avaliadas com efetividade no campo psicoterapêutico.
Entretanto, como muitos que se dão o trabalho de o estudarem sem preconceitos ou obséquios têm assinalado, é quase certo se incorrer em enganos ao tentar interpretar as ideias ou a figura de J.L. Moreno o alienando completamente de seu senso muito particular de judaísmo. Especialmente, a intersecção entre seu pensamento e a mal compreendida corrente do hassidismo, que, não raro, é tratada com prejulgamentos, condescendência ou deslumbre antropológico, em especial quando explicada por “atravessadores não-judeus” (sem enaltecer aqui qualquer senso de tribalismo).
A ambição mais direta de testar suas ideias nas ruas, em grupos e com a política é o outro ângulo de que não se pode prescindir ao se avaliar o legado do propositor do psicodrama, sendo também um aspecto que o distingue dos demais pioneiros da ampla área do estudo da mente. O próprio filho de Moreno, que assinou o artigo no The New York Times, é preciso destacar, trabalhou na equipe de transição do primeiro governo Obama e cunhou o neologismo “biopolítica” na obra citada acima. No artigo em que critica Clint Eastwood, Jonathan Moreno recorda que, no auge da Guerra do Vietnã (1955-1975), seu pai usou de todos os canais que dispunha à época para propor ao presidente Lyndon B. Johnson que este e o líder vietnamita Ho Chi Minh se submetessem a uma sessão de psicodrama que seria dirigida por ele próprio, com a esperança de que a intervenção mudasse o desfecho do conflito bélico. Ingenuidade ou reflexo de sua megalomania, coube ao então secretário de imprensa da Casa Branca, Bill Moyers, abreviar as investidas de Jacob Moreno, ao declarar que “a diplomacia não era uma peça teatral psicoterapêutica”.
Por ironia, Bill Moyers, um dos jornalistas e comentadores políticos mais influentes da história da imprensa norte-americana, seria o rosto à frente, no final dos anos 1980, do programa “O Poder do Mito”, série de entrevistas que o jornalista realizou para a rede PBS com o mitólogo Joseph Campbell. Os programas com as conversas conduzidas por Moyers, primeiro na Califórnia, no rancho Skywalker, pertencente ao cineasta George Lucas, e, posteriormente, no Museu de História Natural, em Nova York, seguem sendo uma das transmissões de maior sucesso da história da rede PBS (no Brasil, transmitidos pela TV Cultura). Durante as entrevistas gravadas entre 1986 e 1987 e transmitidas em 1988, após a morte de Campbell, podemos constatar que Moyers não só demonstra curiosidade como reverência ao entrevistado, mesmo que este fosse outro nome rebelde do moderno pensamento norte-americano, cujas ideias sobre mitologia e a psicologia profunda do inconsciente, até hoje, correm por fora do mainstream da ortodoxia acadêmica, rescendem a um aroma “new age” e seguem tendo profundo impacto na cultura de massa.
Por mais absurdo que pareça, sim, Jacob Levy Moreno queria colocar os revolucionários liderados por Ho Chi Min e a máquina de guerra estadunidense para conversar. Ou melhor, não para conversar propriamente, mas para interpretar papéis diante um dos outros e tentar assim, de modo paradoxal, destravar as personagens que eles inconsciente e naturalmente interpretavam no teatro da diplomacia. A premissa é até simples: somos todos atores insinceros, representando personagens em farsas encenadas uns aos outros. De tal modo que, ao interpretarmos de forma voluntária (e espontânea!), talvez possamos dar voz à pessoa por detrás da máscara, já que, no jogo social, estamos impossibilitados de sermos nós mesmos. Ou seja, na essência da contradição posta, representar para poder, enfim, deixar de fingir.
Não foi a primeira vez que Moreno tentaria, sem qualquer pudor ou embaraço, interferir na política e na guerra, convencido de que poderia resolver o que ninguém antes havia alcançado. Ele quis fazer o mesmo durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, tentando furar o bloqueio do gabinete de crise montado em torno do presidente John Kennedy, para propor o que soava muito além do bizarro, uma intervenção terapêutica por meio de dramatizações durante a escalada de um conflito nuclear.
E não parou por aí. No ano seguinte, em novembro de 1963, nos momentos de perplexidade e tensão que sucederam o assassinato de Kennedy em Dallas, Moreno, aos 74 anos, pretendia convencer as autoridades da inteligência estadunidense de que, se o principal suspeito do crime, Lee Harvey Oswald, fosse submetido a uma sessão de psicodrama, seria possível descobrir os propósitos de sua motivação, se ele havia agido sozinho ou com colaboradores. Evidentemente, o assassinato de Oswald, dois dias depois da morte de Kennedy, pelo igualmente tresloucado Jack Ruby, colocou um fim nas pretensões de Moreno de levar o psicodrama ao centro da turbulência política.
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Pioneiro das redes sociais
Os relatos sobre as investidas de J.L. Moreno no seio da política são amplamente conhecidos, embora as versões variem aqui e ali. Ouvi as mesmas histórias, pessoalmente, da boca de um dos antigos alunos do criador do psicodrama, o psicólogo clínico John Nolte, em 2011. Nolte não só é um dos veteranos mais respeitados na área, como talvez o único ainda na ativa que estudou diretamente com Moreno. Não sou psicodramatista e tampouco psicólogo, mas, como jornalista cultural, acompanhei um dos cursos de John Nolte, em 2011, no vilarejo de Highland, no sul do estado de Nova York, diante do icônico palco original em dois níveis — o andar superior dispondo de um mezanino — conforme concebido e construído pelo próprio Moreno em 1936 e instalado originalmente na cidade de Beacon, no mesmo estado. Em 1986, o palco seria transferido e montado definitivamente no centro de psicodrama Boughton Place, em Highland, a 30 quilômetros ao norte de Beacon, região situada nas serras do vale do Rio Hudson. O centro de treinamento e atividades recebe visitantes e terapeutas do mundo inteiro.
Contemplar o palco original concebido por Moreno proporciona a primeira evidência de que reduzir as ideias de seu criador à ingenuidade e ao esquematismo (por conta de episódios como o do assassinato de Kennedy) é incorrer numa resposta intuitiva, mas incompleta. Projetado em meia lua, numa variação do modelo elisabetano padrão, o palco tem seu piso disposto em uma estrutura dividida em circunferências, para marcar as esferas de representação. O mezanino, por exemplo, uma galeria semicircular, é reservado às “personagens” imateriais, sem presença física, como Deus, “a cabeça de Deus”, deuses e deusas, ancestrais ou mesmo familiares e entes queridos já falecidos.
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Em tempos de profunda divisão política na sociedade como o nosso e de rejeição ao pensamento complexo, é elucidativo se examinar o trabalho de Moreno realizado com grupos. Além de ser o pai do psicodrama e do sociodrama (a improvisação teatral focada em papeis que evidenciem e corrijam problemas nas dinâmicas das relações interpessoais), Moreno desenvolveu os primeiríssimos conceitos da chamada sociometria, em colaboração com a psicóloga social Helen Hall Jennings (1905-1966), pioneira dos primeiros estudos sobre redes sociais. O trabalho original de Moreno e Jennings, ao desenvolver um modelo quantitativo e matemático para estabelecer uma métrica da estrutura das interações entre grupos é a base de pesquisas posteriores sobre padrões observados em fenômenos sociais diante, por exemplo, do advento da tecnologia da informação.
A própria teoria dos papeis sociais, conforme formulada por Moreno, repercutiu em conceitos desenvolvidos posteriormente pela sociologia e a psicologia social, no esforço de lançar luz sobre como operam as categorias socialmente definidas e o novelo de normas, convenções e comportamentos que emergem destas. A metáfora da representação teatral, desenvolvida por Moreno a partir dos anos 1920, tem importância equivalente, na seara sociológica, a noções como as elaboradas pelo sociólogo alemão George Simmel (1858-1918), o antropólogo americano Ralph Linton (1893-1953) e o téorico social George Herbert Mead (1863-1931).
Nascido em Bucareste, no então reino da Romênia, Jacob Moreno era filho de um mercador sefaradita egresso do Império Otomano e com ascendência patrilinear remontando à antiga Constantinopla (o destino de judeus expulsos da Península Ibérica a partir de 1492). Em 1895, a família transferiu-se para Viena, onde Jacob iria passar os anos escolares e formativos até concluir a graduação em medicina, em 1917, e começar a desenvolver suas ideias e fortalecer a reputação profissional. Foi em Viena onde ele teve o primeiro e único encontro com Sigmund Freud. Em sua autobiografia, Moreno “carrega nas tintas” ao relatar como, em 1912, teria respondido a Freud durante uma conferência deste: “Bem, Dr. Freud, eu começo de onde você parou. Você trata as pessoas no ambiente artificial do seu consultório. Eu encontro-os na rua e em suas casas, em seu ambiente natural. Você analisa seus sonhos. Dou-lhes coragem para voltar a sonhar”, teria dito a Freud, conforme relata em suas memórias, cuja fidelidade parece controversa, já que fora escrita sem preocupações com detalhes cronológicos e factuais. De todo modo, foi em Viena, nos primeiros anos do século 20, que Moreno iniciou suas experiências a partir de um grupo de teatro improvisado, o Stegreiftheater, (o Teatro da Espontaneidade), quando aperfeiçoou a ideia de que dramatizações improvisadas, sem texto prévio, desencadeavam processos terapêuticos, o que, conscientemente, nossas inibições e senso de autocensura tendem a repelir ou bloquear.
Moreno migrou para os Estados Unidos em 1925, quando passou a residir em Nova York. Na época, já tinha larga reputação como cientista social e psiquiatra. Em 1936, adquiriu um imóvel na cidade de Beacon, a uma hora e meia ao norte de Nova York, onde incialmente abriu uma clínica psiquiátrica que admitia a internação de pacientes bastante comprometidos e onde construiria a primeira versão de seu palco icônico. Após a morte de Moreno em 1974, sua viúva, Zerka, que se tornou a figura de proa do psicodrama, teve dificuldades financeiras para manter o local aberto, funcionando como uma clínica. Para salvar o palco, este foi cuidadosamente desmontado e transferido para Boughton Place, que pertencia a Clare Danielsson, uma das últimas alunas de Moreno. Apenas parte do piso inferior não foi reconstruído em Highland, como no original, por limitações de espaço do novo lugar.
Apesar de ter começado a desenvolver seu trabalho ainda na Europa, foi nos EUA que Moreno formulou o corpo mais característico de sua teoria. Por essa época, ele já desfrutava de prestígio internacional, e nomes importantes da psicologia tinham estudado com ele ou ainda iriam se submeter ao seu heterodoxo treinamento, que, tudo indica, apresentava resultados considerados muito positivos. Entre os alunos de Moreno estão pesos-pesados como a norte-americana Virginia Satir (1916-1988), pioneira das terapias de família; o canadense Eric Berne (1910-1970), que desenvolveu a teoria da análise transacional, e mesmo o renomado psiquiatra de origem alemã Fritz Perls (1893-1970), quem cunhou a expressão “Terapia Gestalt” (e que reivindicava ter inventado a técnica da “cadeira vazia” até o final da vida, quando então teria admitido que aprendera o expediente com Moreno).
“Um verdadeiro procedimento terapêutico não pode ter como objetivo nada menos do que toda a humanidade”, são as palavras que abrem uma de suas obras mais conhecidas, “Who Shall Survive?”, publicada em 1934 e que refletem bem parte de sua personalidade expansiva e de teor messiânico. O pioneirismo inquestionável de Moreno (mesmo que se possa estranhar suas premissas e alguns de seus métodos) em relação à investigação das estruturas sociais foi responsável também por dar munição a alguns de seus críticos. Seria um engano reduzir os conflitos históricos, políticos e econômicos da sociedade a dinâmicas emocionais ou familiares, mas excluir tais aspectos precípuos da formatação sociológica dos grupos humanos não é igualmente um equívoco? Vale como exemplo destacar que, com a atenção do mundo inteiro voltada para as eleições nos Estados Unidos, parte da pesquisa da imprensa em relação à personalidade e os atos de Donald Trump é voltada justamente para a reconstituição de sua história pessoal. Inúmeras reportagens e artigos têm sido publicados a especular sobre como os traumas familiares e o peso do lar disfuncional foram forças motrizes por trás dos impulsos beligerantes, das decisões açodadas e do narcisismo do presidente americano. Sendo a sociedade uma estrutura estendida dos núcleos familiares, tudo o que vemos nas ruas, aí fora, é, em última instância, não só, mas também e, de forma crítica, o que acaba desdobrado dos lares.
De tal modo, muitas das técnicas concebidas por J.L. Moreno extrapolaram o ambiente clínico e migraram para os métodos de resolução de conflitos, para as dinâmicas de comunicação não-violenta, contribuíram ainda para o desenvolvimento de ferramentas pedagógicas, políticas de educação e mesmo para o treinamento nos meandros da comunicação corporativa. O psicólogo americano John Nolte, citado acima, passou, por exemplo, a atuar quase que exclusivamente no treinamento de advogados e operadores do Direito, aplicando métodos do psicodrama e sociodrama no contexto dos litígios e dos tribunais. O que ficou conhecido como playback theatre, a partir da década de 1970, também paga tributo ao psicodrama. Orientado com base na improvisação, mas com foco mais na interação entre público e atores, o playback theatre foi desenvolvido pelo casal Jonathan Fox e Jo Salas, que fundaram a primeira companhia do gênero em New Paltz (mesma região de Highland e Beacon no estado de Nova York). Fox foi estudante do método de Moreno e realizou pesquisas também sobre a obra do educador brasileiro Paulo Freire.
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Martin Buber e o hassidismo
Ao se colocar de lado questões clínicas (que, afinal, são de interesse mais restrito a profissionais) e ao se avaliar as ideias de Moreno como um todo, torna-se inevitável reconhecer o peso da religião e do misticismo em seu discurso. O fato de a aceitação às suas teses ter sido mais abrangente no meio artístico do que no campo científico não é, como vimos, somente evidência de eventuais fraquezas e hesitações em seu pensamento, mas também de dificuldades de classificá-lo. Primeiro, é possível que se reconheça que, em termos teóricos, suas concepções não têm o mesmo volume e densidade de obras como a de Sigmund Freud e Carl G. Jung. Embora tenha escrito poesia e apesar de sua erudição e vínculo com a tradição literária, Moreno não era um ensaísta, escritor ou mesmo filósofo, sendo um erro avaliá-lo nesses termos. Seu modelo de psicoterapia baseava-se em ações simbólicas de representação, ou seja, sempre teve um caráter mais fenomenológico do que conjectural ou reflexivo. O esforço de se interpretar e especular era, se não dispensável, tributário à função da ação dramática, de acordo com o entendimento de Moreno. Isso não o impedia de ver o “psicodrama como o próximo passo natural para além da psicanálise”.
Em segundo lugar, ao se olhar sua biografia, a posição marginal que, em muitos casos, o relegaram (sobretudo na Viena freudiana), parecia ter sido procurada por ele, como no cumprimento de uma profecia de realização “auto messiânica”. Moreno relatava que havia nascido em um navio sem bandeira nas águas entre Istambul e Bucareste. Como muitos episódios biográficos, faltam detalhes e sobram dúvidas sobre a exatidão do relato. O fato é que sua mãe confirmava a história e dizia que ele viera das águas, tal como Moisés. A mãe, judia de origem turca, fora educada em um convento, tendo sido influenciada pelos dogmas católicos. Entre o judaísmo — não ortodoxo, pouco observante, mas tradicionalista — do pai e a permeabilidade da mãe a outras crenças, Jacob Levy cresceu sob influências de ideias místicas e aprendera a brincar precocemente, ainda muito criança, fingindo que era Deus — como o Godplayer.
Embora o movimento hassídico tenha raízes fincadas mais próximas da tradição asquenazita (o outro grande ramo étnico e cultural do judaísmo, originado no vale da Renânia e na França e que floresceu, após as Cruzadas, a partir de comunidades que se estabeleceram na Polônia, Lituânia e Rússia), o sefaradita Jacob Levy Moreno recebeu a influência do pietismo da Hassidut, por meio de seu pai (o sobrenome “Moreno”, de origens incertas, provavelmente deriva do latim tardio de “maurinus”, “mouro”). Muito do que compreendemos do hassidismo, principalmente fora dos círculos judaicos, se deve à interpretação do filósofo vienense Martin Buber (1878- 1965), que, como judeu, se voltou aos temas religiosos de infância no esforço de responder à renovação do pensamento alemão que testemunhou em seus anos de estudo — “As universidades de Heidelberg e Marburg irradiavam então o brilho de seus acadêmicos que se revoltavam contra a letra morta do hegelianismo, empiricismo crítico e idealismo, que durante uma centena de anos, dominara a filosofia alemã” (Die Erzählungen der Chassidim, 1949).
Criado na Galícia polonesa, epicentro judaico com conexões por toda a Europa Oriental, Buber dedicou parte essencial de seu trabalho ao resgate, com viés também literário, da tradição hassídica. Foi ele quem apresentou, de certo modo, ao Ocidente a Hassidut como modelo, se não alternativo, pelo menos, que merecia algum exame pelas sociedades contemporâneas. Convencido da emergência do sionismo como propósito político e também como filosofia de cunho espiritual, Buber empreendera ainda estudos sobre uma vastidão de temas que vão da fenomenologia religiosa à educação. Seu trabalho mais notável é também um dos menos volumosos, “Eu e Tu” (Ich und Du) de 1923. Foi nesta obra em que ele introduziu o conhecido dialogismo de “eu-isso” — quando prevalece a relação mais cartesiana entre sujeitos e objetos de pensamento e ação — em oposição ao plano do “eu-tu”, em que seria possível transcender esta peia perceptiva e estabelecer uma compreensão menos precária da realidade interna e externa.
Surgido na Podólia, então uma província remota do sudoeste da Polônia, em meados do século 18, o hassidismo representou um movimento de renovação do próprio messianismo, calcado na busca por simplicidade e identificação com os humildes, liderado pela figura carismática do Rabi Israel Baal Schem Tov, o Beschet. Distinto do hassidismo medieval do século 13, o movimento foi estruturado a partir da repulsa à vida ascética e do desacordo com a existência meramente contemplativa e realizada apenas no âmbito intelectual. Antes de emergir como liderança entre os judeus do leste da Europa, Baal Schem Tov, “o mestre de bom nome”, tinha reputação de ser um curandeiro, ocupado com fórmulas e poções. Sucedendo o Beschet, proliferou uma vasta e ramificada genealogia de tzadikim, “os justos”, os líderes da tradição, ao longo dos séculos, sobre os quais se compôs um número extenso de lendas e histórias, que formam justamente o folclore literário sobre o qual se debruçaria Buber. É precisamente o elemento lendário e místico das histórias sobre a conduta de cada tzadik um dos aspectos mais explorados pelo filósofo. Foi, portanto, a tradição de se relatar a vida dos tzadikim que Buber recuperou para oferecer seu “contra-exemplo” ao homem contemporâneo do Ocidente: “[…] a narração é mais que reflexão: a essência sagrada que ela testifica continua vivendo nela. O milagre narrado adquire nova força. O poder que um dia atuou propaga-se na palavra viva e prossegue ativo durante gerações”. [Histórias do Rabi, Martin Buber].
Assim, como o hassidismo, é possível depreender-se da visão de Buber e Moreno a desconfiança em relação ao plano puramente racional, baseado na prevalência do intelecto. O exemplo trágico de judeus hassídicos que, durante o Holocausto, seguiram cantando e em louvor mesmo na hora crítica em que eram conduzidos para as câmaras de gás, expressa, de forma drástica, o “fervor e alegria entusiástica” como se referiu Buber ao discorrer sobre a essência dos ensinamentos dos tzadikim.
O que Moreno sustentava era então o elogio do anti-intelectualismo, do transe místico puro e simples? O exemplo da mística judaica que pode ser reconhecido nas ideias de Moreno representa o silogismo da abertura à dimensão experimental, que subsiste em outro registro de consciência e não pode ser substituída pelo exercício da erudição, no nível estrito do juízo. Os conflitos que nos empurram a viver, de acordo com tal premissa, têm de ser resolvidos no drama, isto é, na ação. Afinal, a existência revela-se no júbilo e na dor, para então que se possa experimentar (ou conhecer) o que nenhum quebra-cabeças teórico poderia destrinchar. Daí o desdém de Moreno em relação a uma cura oferecida por “uma ciência que se faz sentado”, como o caso da psicanálise, abordagem que o pioneiro do psicodrama considerava auspiciosa e revolucionária em seu conteúdo, mas tradicionalista e inflexível em seus aspectos formais. Ou seja, a especulação intelectual pode ser estimulante, mas torna-se estéril se for segregada dos demais “atos’ da vida, como no teatro.
A defesa mais direta da aproximação entre as ideias de J. L. Moreno e o hassidismo foi feita na obra “Moreno e o Hassidismo”, de 1994, de autoria do médico anestesiologista nascido na Alemanha e naturalizado brasileiro Benjamin Weintrob Nudel. O autor reconhece que, desde cedo, Moreno conviveu com as ideias hassídicas, mas que fora também exposto a diferentes crenças e conceitos místicos. Então o que torna o hassidismo tão distinto assim de outras figuras proféticas e religiosas que o influenciaram? Escreve Nudel: “[…] Moreno cita com frequência as personagens que o mais impressionaram na história: Cristo, São Francisco de Assis, Santo Agostinho e Buda”.
E segue ao elencar as palavras do próprio J. L. Moreno:
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“A minha própria dívida positiva vai para outras personalidades e correntes de pensamento, em primeiro lugar, com os grandes atores terapêuticos da vida religiosa. Homens como Josias, Jesus, Maomé e Francisco de Assis possuíram um profundo senso dramático e conheceram uma forma de catarse mental incomparavelmente mais profunda que a dos gregos, porque decorria da realização de grandes papéis com sua própria carne e sangue, isoladamente e em grupos, do confronto cotidiano com ásperas conjunturas”.
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O relato acima de Moreno sintetiza algumas das pedras angulares de seu pensamento: (1) a valorização da experiência em detrimento do conhecimento de gabinete e resguardado em torres de marfim; (2) a premissa de que conflitos são dinamizados em grupo e em resposta ao ambiente que nos rodeia, e (3) de que o pretenso racionalismo da modernidade despreza o aspecto dramático (representativo) que emana mesmo da “realidade objetiva” à nossa volta.
No plano pessoal, o autor de “Moreno e o Hassidismo” não se furta de apontar também o pendor messiânico do inventor do psicodrama:
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“Moreno não queria apenas se tornar um profeta, mas também parecer um deles. A barba por fazer era parte disso: ele partia da premissa de que não deveria interferir na natureza espontânea do corpo. Com o passar dos anos, sua barba assemelhava-se às que aparecem nas pinturas medievais de Cristo. Parecer paternal e sábio, antecipando a velhice, era exatamente como deveria ser um jovem Deus. Além disso, passou usar uma capa verde que chamava a atenção e acentuava ainda mais seu aspecto excêntrico”.
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Aqui cabe a analogia com outro papel social oriundo do judaísmo, o Maguid, a figura do pregador errante do leste europeu, que buscava se comunicar com as massas e evitava a linguagem cifrada dos rabinos e sábios. Mais adiante, Nudel faz referência à outra passagem biográfica de Moreno, um encontro com Leon Trotsky (1879- 1940), em Viena, antes da Revolução Russa. Frente à afirmação de Trotsky de que a política “era a maior das ciências”, Moreno disse: “Pode ser. Mas, por onde se começa? Parece-me que, antes de entrarmos na política, devemos fazer algo. Pois aqui estamos, face à face, mas a distância entre nós é notoriamente grande. […] como podemos encurtar a distância entre nós?”.
Moreno e Buber mantiveram uma profícua amizade e, sem a menor dúvida, influenciaram um ao outro, embora Moreno repelisse a ideia de que teria se baseado em “Eu e Tu” para formular alguns de seus conceitos. Moreno e Buber se conheceram em 1916, em Viena. Na época, o filósofo austríaco já evocava o processo de narração da vida exemplar dos sábios hassídicos (feita como causo, lenda, anedota ou aforismo), como contraponto ao esgotamento do racionalismo na filosofia ocidental. Um pouco depois, J. L. Moreno desenvolveria suas primeiras ideias sobre a espontaneidade, condição em que o “fingimento do ator”, no palco, levaria a este a vestir o próprio rosto sobre a máscara que exibe desde o ventre.
Resta, porém, uma considerável controvérsia sobre quem exerceu a influência mais decisiva no trabalho um do outro. Durante décadas, pareceu clara a ascendência de Buber em conceitos do psicodrama, como o de Tele, que expressa o esforço de Moreno em formular uma unidade de medida do vínculo social. Entretanto, inicialmente, Buber era um intelectual de orientação mística, mais voltado para o aspecto transcendente da religião. Seu posicionamento controverso, por exemplo, sobre a Primeira Guerra, romantizava o valor da conflito bélico como elemento da civilização e o próprio impulso imperialista da Alemanha. O fato é que a filosofia dialógica de Buber também guarda semelhança com a teoria do psicodrama. Ambos pensadores não só eram amigos, como cooperaram juntos no âmbito da revista Daimon, em Viena, publicação dos expressionistas alemães.
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Catarse e alteridade
Afinal, entre a filosofia dialógica de Martin Buber e a tradição hassídica, como se caracteriza as ideias de Jacob Levy Moreno? Buber assinalou em suas obras que o hassidismo surgira como reação à crise do movimento messiânico entre os judeus da Europa oriental nos séculos XVII e XVIII. Precisamente, o hassidismo foi a resposta histórica ao movimento sabatista, dos seguidores de Sabbatai Zevi (1626-1676), místico sefaradita da cabala, proclamado como o próprio messias. Zevi atraiu um impressionante número de seguidores, embora tenha sido forçado a se converter ao islamismo. A condição ambígua de se ter um apóstata proclamado messias desencadeou a crise daquele modelo de fé, desapegado dos preceitos do judaísmo e focado no transe messiânico, e repercutiu no criptojudaísmo dos Dönmeh, grupo de sabatistas que, vivendo no Império Otomano, preservavam a fé judaica clandestinamente ao se submeter ao Islã (como consequência da conquista da Polônia pelos turcos, que incorporaram o país ao Império Otomano no fim do século 17).
A entrega radical à fé pura, do messianismo inspirado no Zohar dos sabatistas, precedeu o surgimento do hassidismo (que não separava mais fé e conduta) e da ortodoxia rabínica que iria se opor tanto aos primeiros como aos segundos, como anotou Buber:
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“Historicamente, o hassidismo é a resposta à crise do messianismo. O caminho para o hassidismo, para a tentativa concentrada de preservar a realidade de Deus para o judeu, foi pavimentado pelo desenvolvimento antinomiano extremo do movimento sabático, cujos seguidores pensaram que poderiam despojar o Deus de Israel de seu caráter de mestre do caminho certo e ainda ter um Deus judaico” [página 9 – Tales of Hasidim – The Later Masters; Martin Buber].
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O ceticismo de se reconhecer que a busca por catarse parece não bastar como alternativa ao racionalismo poderia servir de advertência ao próprio Moreno. Nem todos termos a personalidade ou abertura para se entregar a dramatizações espontâneas, ainda mais envolvendo dificuldades pessoais e temais íntimos. Aqui convergem as premissas essenciais de Buber e Moreno, dê-se o nome a elas de eu-tu, ou então as definindo como a “catarse dirigida para a integração” — objetivo último do palco moreniano. O desafio, afinal, é percorrer a maior das distâncias, a mais intransponível entre elas, que é sair de si mesmo e se colocar no lugar do outro. Tendo em vista que a preocupação de Moreno era esta assimetria, a disparidade entre o eu e o próximo, é possível desviar da intepretação de que o criador do psicodrama era regido por um senso reducionista de megalomania, mesmo ao lermos um monólogo como o de “As Palavras do Pai” (1941).
Milênios de tradição literário-dramática nos informam que, no passado, todo o sentido residia no grupo, nas grandes formas anônimas da coletividade, quando não havia propósito buscar o significado das experiências apenas no indivíduo. Isso mudou. Experimentamos hoje um paradoxo. Somos o mais social entre os animais, à medida que invenções da civilização, como a política, são profundamente enraizadas nas relações interpessoais, e nossa sobrevivência, como espécie, é subordinada a vínculos de interdependência. Por outro lado, a busca por sentido foi transposta para a esfera individual. Diferente do passado, quase tudo faz sentido hoje no íntimo do indivíduo. Não cabe aqui o julgamento moral ou ideológico dessa longa e lenta transformação e, com certeza, conquistas como as liberdades individuais e os direitos humanos falam por si. Mas, em um mundo de indivíduos que dependem uns dos outros nos mais complexos níveis de cooperação, os interesses conflitantes e o choque entre liberdades é estridente e impreterível.
J.L. Moreno investigou a sociedade da perspectiva da saúde mental, trabalhando, por anos, com pacientes portadores de esquizofrenia, dependentes químicos e com todo o tipo de queixa de natureza emocional ou psicológica, alcançando os mais distintos resultados. Sua filosofia, baseada na capacidade de aprendermos a sentir empatia uns pelos outros, na inversão de papéis e de se reconhecer o lugar do interlocutor ou adversário, sobrevive em diferentes frentes, de terapias de grupo a técnicas de mediação de conflitos. Representar é, afinal, inerente à subjetividade humana. Não podemos deixar de atuar nem sozinhos, diante do espelho. Em sentido contrário, o que o criador do psicodrama buscava era que, ao se entregar à espontaneidade diante dos olhares de nossos “estranhos iguais” — o grupo —, o homem pudesse deixar enfim de atuar. Nada mais difícil. Que o diga Clint Eastwood.
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Referências
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