por Rafael Rocca
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I
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Viena, terça-feira 6 de outubro de 1998. No hotel.
Após vinte e sete anos hoje volto a vê-la, mãe, e me pergunto se nesse tempo você entendeu quanto mal fez a seus filhos. Esta noite não preguei os olhos. Agora é quase dia; abri a janela. Um esfumaçado véu de luz vai se tornando claro sobre os telhados de Viena.
Hoje volto a vê-la, mãe, mas com que sentimentos? Que pode provar uma filha por uma mãe que se recusou a ser mãe para fazer parte da celerada organização de Heinrich Himmler? (p. 7)
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Quando se pensa em literatura de testemunho de grandes conflitos, pensa-se, antes de tudo, e não sem razão, em relatos das vítimas e na descrição dos atos dos algozes. Há relatos de participantes em batalhas, em conflitos sociais, tais como a tomada da Bastilha, a Primeira Guerra Mundial, a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, os conflitos de Serra Leoa, o genocídio em Ruanda. Entre eles, os relatos testemunhais que versam sobre a Segunda Guerra Mundial, ficcionais ou não, ultrapassam em larga escala os testemunhos de outros conflitos. Os motivos são os mais diferentes, porém a intensidade e a crueldade, aliadas ao desenvolvimento industrial de uma estrutura logística de morticínio, são dois dos principais fatores que encetaram a necessidade íntima de relatar e tornar públicos os absurdos e os excessos cometidos.
Especificamente sobre a Segunda Guerra há relatos da ocupação francesa pelos alemães, a investida destes contra a Rússia e o rastro de destruição deixado por ambas as partes, histórias de heroísmo das campanhas australianas no norte da África, assim como das brasileiras, e, por fim, os contundentes relatos dos sobreviventes da Shoá, um dos maiores crimes do século XX.
A maioria desses testemunhos são relatos de sobreviventes, alguns dos quais se tornaram leitura essencial para fomentar um senso de identificação com o próximo. Exemplos são A noite de Elie Wiesel, Anus mundi de Wieslaw Kielar (infelizmente sem tradução ao português), É isto um homem? e Os afogados e os sobreviventes de Primo Levi, entre outros. Porém, uma espécie de relato difere dos anteriores pelo ponto de vista de onde parte, sendo menos conhecido talvez por terem sido escritos em menor número. Trata-se de testemunhos, relatos ou textos ficcionais produzidos por descendentes dos algozes (e, em ainda menor grau, pelos próprios perpetradores). Esta é uma questão sobre a qual não se trata comumente, e talvez compreensivelmente: o que aconteceu com os filhos e as filhas dos grandes criminosos julgados em Nuremberg, dos soldados fanáticos a morrerem em nome do Führer, dos capatazes do extermínio que trabalhavam em fábricas de cadáveres como Birkenau, Treblinka ou Sobibor?
Alguns desses relatos foram reunidos em volume, como é o caso de “The good old days”. The Holocaust as seen by its perpetrators and bystanders [“Os bons tempos”. O holocausto visto por seus perpetradores e testemunhas oculares], organizado pelo jornalista alemão Ernst Klee (publicado em 1988 na Alemanha; sem tradução para o português).[1] O livro é inquietantemente peculiar, a começar pela frase entre aspas do título, por reunir o testemunho dos algozes e de indivíduos da população de diversas localidades na Europa, sejam estas pessoas que assistiram a distância o que ocorria, sejam elas participantes e ajudantes ativos no arrebanhar da população considerada indesejada.
O que chama a atenção nos relatos reunidos nesse volume é seu tom. Em diversas passagens, os carrascos detalham, aparentemente sem o menor traço de remorso, o método empregado para enviar populações inteiras de judeus, comunistas, doentes mentais, adversários políticos e outros para a morte certa. Tomados por cinismo, ou vergonha (em poucos casos), ou medo, os partícipes secundários das indústrias da morte encararam suas ações à época como um dever a ser cumprido em nome de uma pátria mais segura, em nome de uma maior paz social que aqueles grupos prejudicavam. Porém, ressalta à vista a ideologia profundamente entranhada, ainda que por vezes confusa, no cotidiano de pessoas comuns. Bombardeada por uma máquina extremamente eficiente de propaganda, que remexia os sentimentos mais íntimos de medo e terror em cada indivíduo, certas populações (pensemos na Lituânia, Polônia, Hungria e Ucrânia, por exemplo) foram dominadas ostensivamente por um frenesi coletivo, catalisado e direcionado para a violência, contra aqueles elementos malquistos. O funcionamento da máquina de propaganda, no entanto, não deve eximir e absolver uma grande parte daquelas populações. Esse sistema de doutrinação, em muitos casos, somente fez aflorar sentimentos já enraizados no indivíduo e reprimidos pela crescente onda democrática do início do século XX, que buscava uma maior abertura para o pensamento diferente e, hoje se diria, uma maior pluralidade. No entanto, o mundo não parecia pronto a tais ideias. Precisamente a identificação desse fato fez com que um Joseph Goebbels direcionasse a estrutura propagandística para os fins pretendidos por um regime que se pretendia totalitário como o Terceiro Reich.
O tom, por assim dizer, da virulência das populações locais espelhava o tom da propaganda. Os relatos elencados por Klee mostram bem o que se pretendia com aquelas ações de seleção e morticínio. São frios, frequentemente cínicos, desumanizados, violentos. Descrevem atrocidades como se seus emissores falassem sobre o clima ou uma partida de futebol. Mais: justificam tais atrocidades com o argumento de que aquilo era o certo a se fazer, o moral, o ético. Resta da leitura desses textos, colhidos depois e antes do final da guerra, que facilmente aquilo se repetiria se necessário.
Isso leva à questão da permanência de ideias radicais mesmo após sua condenação pública, ou seja, ainda que se fizesse um trabalho longo e paciente de desradicalização em nome de valores supostamente mais elevados, o quanto do pensamento incutido em meio a tais populações sobreviveria, permaneceria?
Um relato testemunhal impactante, escrito muito tempo após o término da Segunda Guerra Mundial, pode nos auxiliar ou, ao menos, ilustrar a permanência do pensamento totalitário (chamemos assim para fins deste ensaio) na mente dos mais extremados algozes que aquele conflito produziu: os carrascos dos campos de concentração e de extermínio.
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II
Helga Schneider (1937–) é uma escritora naturalizada italiana nascida em uma família “alemã-étnica”[2] na Polônia pré-ocupação alemã. Com poucos anos de vida, a família se transfere para Berlim, a capital do império de Hitler, para viver próxima aos centros burocráticos de governo. Aos quatro anos de idade, a mãe da autora anuncia que abandonará a família para servir ao Führer em sua missão de destruição. Trata-se da antepenúltima vez que Helga verá sua mãe. Nas demais vezes, Helga já está casada (1971) e, na última, busca uma derradeira tentativa de entender o pensamento dela (1998).
O afastamento da mãe e a criação por uma madrasta deixaram marcas profundas na personalidade de Helga. A falta do amor materno, por parte de ambas as suas principais figuras femininas, resultou em uma pessoa melancólica, notável desde a primeira página da abertura da narrativa, transcrita acima. Imbuída de uma inquietação interna e profundamente íntima, a autora parte para o derradeiro encontro com sua mãe, decidida, ainda que hesitante, a acertar as contas com seu passado desprovido de afeto.
O texto narra a última reunião com a mãe que não o fora. Em 1978, data do primeiro reencontro, Traudi Schneider, a carrasca, não reconheceu sua neta na criança de Helga, o que a afastou por mais vinte anos. A filha buscou, então, reconstruir a vida da mãe pelos arquivos do Centro Simon Wiesenthal, uma agência que catalogava e encontrava ex-nazistas pelo mundo. As informações que reuniu foram aquilo que esperava: “Ativismo precoce no Partido Nacional-Socialista. Depois Sachsenhausen, Ravensbrück e, finalmente, Auschwitz-Birkenau” (p. 17). Somos então confrontados com a figura fria, cínica, manipuladora e assustadoramente sociopata de Traudi, que Helga não deixa de descrever com os adjetivos mais carregados.
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O que provoca inquietação no leitor durante todo o relato de Helga, assim no volume mencionado na parte I, é a frieza com que Traudi Schneider relata sua vida e os momentos de que mais se regozija de sua trajetória. A posição de Traudi é impassível, ainda que tivesse sido submetida a um processo de desnazificação — em muitos pontos falho. A descoberta de todos os crimes cometidos pela Alemanha de Hitler, que soube insuflar o povo alemão à catástrofe, e a revelação do morticínio nos campos de concentração e de extermínio pareceram não surtir efeito em Traudi. Ela carrega a lavagem cerebral consigo como uma nova alma e, ainda ao final da vida, sustenta todas as posições que tinha quando se tornara uma carrasca nos campos de extermínio.
Assim, instada pela filha a falar de seu tempo e de suas atividades em Birkenau, é possível ler: “E eu não tinha nenhum direito de sentir compaixão, meu dever era só o de obedecer. Fidelidade e obediência, nada mais” (p. 65); “As prisioneiras do meu setor. Não podia tratá-las com deferência, você não acha?” (p. 70); “Agora todos cospem na Alemanha […] e sabem por quê? Porque perdemos a guerra. Se tivéssemos vencido, o mundo inteiro beijaria os pés do Führer, e não só os pés” (p. 90), acrescentando “uns risinhos”. Aqui há uma identificação com o que lhe causa prazer sem culpa, ou seja, a manifestação do traço erótico característico dos regimes autoritários, como Wilhelm Reich discorreu em Psicologia de massas do fascismo (especialmente capítulos 5 e 8).
Desses trechos é possível entrever que a culpa jamais foi uma questão para Traudi Schneider. O apelo de Karl Jaspers, em A questão da culpa (em 1965), não encontrou nenhuma guarida em alguns alemães após a Segunda Guerra. A própria Helga Schneider nos dá testemunho disso ao dizer que “Depois da capitulação de 1945, aniquilados pelo coro internacional de ódio e desprezo, não poucos alemães tentaram recuperar uma aparência de orgulho dizendo as mesmas coisas”, sendo que “as mesmas coisas” significavam a mudança de polos se a Alemanha tivesse vencido a guerra (p. 90). Jaspers trata dessa questão principalmente em sua conceituação de “culpa política”, relacionando-a à “vontade do vencedor”, no caso os Aliados, e à responsabilização indiscriminada de todo um povo pelos crimes cometidos por seus mandatários. Jaspers é refratário a essa responsabilização geral e irrestrita, tendo em vista a posição contrária ao regime de alguns indivíduos. A resistência, argumenta ele, não era possível diante do aparato de terror político e psicológico do sistema. Esse fato o comprova a abundante historiografia sobre a Gestapo, por exemplo. No entanto, sua justificativa se aproxima precisamente da isenção de culpa defendida pelos perpetradores: o fato de seguir ordens, que o autor abordará e rechaçará em sua palestra.
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No dizer de Jaspers, um ente mais elevado impossibilita qualquer tentativa de resistência ao que se sabem crimes do Estado. O autor crê, talvez à época um tanto ingenuamente, que “obediência cega” não se confunde com o sentimento de “dever à pátria” que os (verdadeiros) soldados de carreira guardam em seu íntimo. Também não considera, embora não o afirme explicitamente, que a SS fizesse parte do exército. Por isso, a culpa deveria ser fracionada e dimensionada. Além do restolho de pensamento nacionalista oriundo do século XIX e contido no conceito de “dever à pátria”, que é precisamente o sentimento exacerbado durante os autoritarismos do século XX, trata-se de uma concepção que não levou em consideração a participação da polícia comum e de destacamentos do exército alemão nos morticínios de populações polonesas, ucranianas e húngaras, além de lituanas e holandesas, como o demonstrou exaustivamente Christopher Browning em suas obras, afirmando que tal participação era bem conhecida à época.
A ausência do sentimento de culpa perante os olhos do mundo é notável no discurso de Traudi Schneider. “Eu sou inocente. Eu não tenho culpas. Eu só obedeci às ordens, como todos. Todos só obedeceram às ordens” (p. 89). Essa justificativa foi aventada por vários dos carrascos envolvidos nos crimes de guerra alemães, por exemplo Adolf Eichmann e Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, para quem Traudi trabalhava.[3] Jaspers, em um momento posterior de seu ensaio, afasta essa argumentação:
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Esse comportamento [é uma ordem] tornou-se no sentido moral plenamente culpado em sua obsessão pela obediência; esse comportamento impulsivo que se sente com a consciência tranquila, mas que na verdade abre mão de toda consciência. (Jaspers, pp. 60-61)
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Traudi justifica sua conduta abstratamente mediante o uso de generalizações infundadas, resultantes da maciça propaganda, que buscam acusar os acusadores de ter provocado a reação que os algozes tiveram diante dos adversários e, em especial, diante dos judeus (Jaspers: “Aquele que, em autoanálise, ainda não compreendeu sua culpa, tenderá a acusar o acusador”, p. 82).
Retomando nossa questão principal, é precisamente diante destes últimos, os judeus, que se nota o quão profundamente um regime pode impor e incutir sua doutrina na mente suscetível de seus seguidores. Helga insiste em extrair da mãe relatos sobre sua participação nos centros de extermínios alemães. Quando confrontada com uma pergunta sobre os judeus, a autora relata o seguinte, transcrevendo as palavras da carrasca:
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“Falo daquelas preguiçosas que trabalhavam nas fábricas de munições, você entende? Estavam sempre cansadas e amuadas, e de noite choramingavam por causa de seus fedelhos que tinham sido despachados para o forno”.
Acrescenta com gosto: “Eu fazia ferver o traseiro delas!” E explica logo, em tom técnico: “É gíria militar, era assim que se dizia. Fazer ferver o traseiro de alguém significava maltratá-lo até o último suspiro”.
Olha fixamente para mim: seu olhar é o mesmo de então.
“Era preciso disciplina, você entende? Aquelas putas judias deviam entender onde estavam e principalmente por quê. […]” (p. 70)
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Os momentos em que a mãe é pressionada a relatar os atos perpetrados dentro dos campos são sempre acompanhados de um gélido distanciamento em relação ao outro; de fato, o trabalho propagandístico visando fanatizar o indivíduo até a obediência completa levava à completa desumanização daquele outro, que não mais era enxergado como um membro da espécie humana, senão como um animal peçonhento e contagioso pronto a voluntariamente espalhar pragas. Exemplo imagético disso é o filme O judeu eterno (1940), dirigido por Franz Hippler. Os judeus eram frequentemente comparados a ratos que arruinavam a já parca comida disponível aos alemães. Por meio de sucessão de quadros, em montagem de baixíssima qualidade, cenas de judeus de “aparência doente” — frequentemente judeus ortodoxos do leste europeu não doentes — eram seguidas por cenas de ratos andando sobre sacos de alimento e indo se esconder em bueiros. Esse filme pode ser considerado uma condensação da vária e por vezes dispersa e confusa política estatal de ódio racial nazista direcionada a grupos indesejados. Ainda que sua qualidade seja sofrível, o impacto pretendido pela película é certeiro: ao manipular o nojo (que é uma aversão à morte), atingem-se subterrâneos inconscientes, provocando reações posteriores imediatas, ainda que não totalmente compreendidas, nos indivíduos. Desse sentimento para a vontade de exclusão completa, basta um sistema político bem articulado que o fomente.
Nesse sentido, a fala de Traudi Schneider deixa transparente a extensão da ideologia que se pretende totalizante e que fomentou a eliminação completa do outro indesejado. Além de não o enxergar como um indivíduo passível de alegrias e de sofrimento e de manter relações afetivas como “os demais” seres humanos (no caso, mães e filhos), e em última instância de ter uma vida, a carrasca carrega em si os frutos de uma educação para a morte em seu estado mais puro e primitivo. Em outra nota, surpreende o fato de ela pronunciar essas frases mais de cinquenta anos após a libertação dos campos. O enraizamento dessa ideologia facínora sobrevive não somente em Traudi, mas também em outros carrascos, que encontraram uma vida tranquila no pós-guerra e assim permaneceram até morrerem.[4] Pode-se, inclusive, pensar que o “Reich de mil anos” proposto por Hitler esteja, hoje, em 2020, em seu 87º ano.
Essencialmente manipuladora, calculista, fria, cínica, desumana: Traudi Schneider transmite os valores principais da “educação dura”, segundo suas palavras, que recebera nos treinamentos da SS. Helga, por outro lado, foi uma criança profundamente afetada pela ausência, pela dureza e pelo caráter da mãe, que via a filha de maneira ideologizada, como todo o resto de seu pensamento: “Meus filhos eram arianos! […] Meus filhos eram perfeitos e ninguém mexeria num fio de cabelo deles” (p. 73). No entanto, a suposta perfeição dos filhos não passava de mais um nível de cegueira: ao confrontar a mãe e defender o pai, que se casara novamente, Traudi responde: “O Reich cuidaria de vocês. O Reich cuidaria dos meus filhos melhor que qualquer madrasta” (p. 95). Revela-se outro traço psicológico do regime totalitário: o Estado assume a posição paternalista em relação a seus “filhos” (lembremos de Getúlio Vargas), cujas mães, a serviço da comunidade do povo, poderiam se dedicar a afazeres que beneficiariam o Estado (inclusive terem diversos filhos), e cujos pais seriam o braço forte da sociedade, empregados em trabalhos manuais e no exército.
O que esse tipo de regime falha em perceber é a conexão íntima entre as pessoas enquanto indivíduos, e é precisamente isso o que Helga Schneider busca compreender durante todo o seu relato: como foi possível a uma mãe abandonar suas crianças, entregá-las à sorte e partir para realizar os desejos paternalístico-eróticos de um Estado onipresente?
O confronto com a carrasca, com aquela que a abandonou, mostrou-se até certo ponto infrutífero: no fim e ao cabo, Helga ainda conversava, naquele momento, somente com o Terceiro Reich.
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Indicações de leitura
Christopher Browning. Ordinary Men: Reserve Police Battalion 101 and the Final Solution. Nova York: Harper Perennial, 2017.
Helga Schneider. Deixe-me ir, mãe. Tradução de Liliana Laganá. São Paulo: Berlendis & Vertecchia Editores, 2001.
Karl Jaspers. A questão da culpa. A Alemanha e o nazismo. Tradução de Claudia Dornbusch. São Paulo: todavia, 2018.
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Notas:
[1] O volume tem tradução para o inglês, publicada em 1991. Outras obras notáveis desse autor são as exposições pioneiras dos relatos de experiências médicas conduzidas nos campos de concentração.
[2] Termo que os nazistas empregavam para alemães nascidos fora do território do Reich, inclusive para aqueles nascidos no Brasil.
[3] Röss escreveu, na cadeia, antes de ser enforcado dentro de Auschwitz, um longo relato de sua participação no morticínio. Ao lê-lo, parece como se se lesse um memorando de alguma instância burocrática. É impassível, ainda que pessoalíssimo, e frio, sarcástico, cínico.
[4] Como o mostram alguns depoimentos no documentário Shoah de Claude Lanzmann (1985).
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