por Sergio Duarte
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O soneto[*] é uma forma poética composta por quatorze versos dispostos em dois quartetos e dois tercetos. No soneto clássico, surgido no sul da Itália no século XIII e aperfeiçoado na Toscana com Guido Gunizelli, Guido Cavalcanti e outros, especialmente Dante e Petrarca, cada verso deve conter dez sílabas. Mais tarde, os franceses cultivaram o metro de doze sílabas, denominado “alexandrino”. Os quartetos têm sempre duas rimas e os tercetos outras duas. O soneto se popularizou na Europa nos séculos seguintes e até hoje muitos poetas continuam a enfrentar as dificuldades de sua forma rígida. No alvorecer do Renascimento, os sonetistas italianos prezavam o chamado “amor cortês”, isto é, as relações amorosas à maneira das cortes dos reis e príncipes, exaltando em versos a beleza e qualidades morais da mulher amada. Os sonetos originais transcritos abaixo conservam a ortografia italiana da época, baseada na língua popular falada na na região da Toscana, que evoluiu transformando-se no italiano moderno.
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Sonetistas italianos do renascimento – séc. xiii
Giacomo da Lentini (ca. 1210–ca. 1260) foi tabelião na corte do Sacro Imperador Romano Frederico II e é considerado o primeiro sonetista. O exemplo abaixo mostra um recurso de estilo amplamente utilizado pelos poetas da época e em tempos posteriores: o jogo de contrastes para exprimir e realçar a ideia central, no caso o poder do amor. O tradutor buscou preservar as características formais (métrica e rimas) e reproduzir, tanto quanto possível, as imagens poéticas do original.
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Os renascentistas italianos mantinham assídua correspondência e costumavam dedicar-se a desafios em versos. Essas disputas eram chamadas tenzone. Jacopo Mostacci (*1240–† 1262) propôs a seus amigos Giacomo da Lentini e Pier della Vigna (*1190–†1249) o difícil encargo de definir o amor. Mostacci nasceu provavelmente em Messina e foi também funcionário da corte de Frederico II. Posteriormente viveu na região de Abruzzo. Pier Della Vigna, nascido em Capua, exerceu funções de secretário do imperador e diplomata. Cometeu suicídio ao ser preso e acusado de crime de lesa-majestade. Por ser suicida, Dante o colocou no inferno na Divina Comédia.
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Tenzone:
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Outro contemporêneo de Giacomo da Lentini foi Guido Guinizelli (*1235–†1276), nascido em Bolonha e fundador da escola conhecida como dolce stil nuovo. Dante se considerava seu discípulo e o menciona duas vezes, com grande respeito, no Purgatório, na Divina Comedia.
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Nota do autor:
[*] A palavra Italiana sonetto significa uma “pequena canção”.
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