"Expressar um pensamento por meio do cinema seria possível com a escolha de componentes visuais que, isolados, seriam reais em si, mas cujo fim último seria estabelecer ligações com outros componentes; ligações abstratas, porque inexistentes nas imagens. O mito da encenação propõe uma inversão crucial. Seus defensores acreditam poder abstrair a realidade cênica sem o recurso da montagem; acreditam que essa realidade possa de uma só vez ser abstraída e reforçada em sua concretude. Rejeitar a montagem assertiva, nesse contexto, significa rejeitar a abstração como definida tradicionalmente. Decorre dessa postura uma negação da “linguagem”, mas uma negação que se volta unicamente à linguagem que se exibe enquanto tal."
Em parceria com a FOCO - Revista de Cinema, um ensaio de Lucas Baptista sobre o mito da encenação.