Pedro Sette-Câmara

O Corpo da Mulher como Campo de Batalha

Difícil, hoje em dia, confiar num registro tão batido quanto a denúncia da opressão. É um problema grave, porque existem coisas que precisam mesmo ser denunciadas. Mas, como na fábula do menino que gritava "Lobo!", eu ouvi "Lobo!" e não fui verificar.

Calímaco, quem diria, acabou no Irajá

Os nossos romances modernos estão mais próximos da tradição homérica. Eles querem transmitir algo da vida real do cidadão comum, pintar o mundo, transmitir a sensação de modernidade. Eles podem ser esmiuçados, mas primeiro vão entreter, provocar emoções. Era isso que pretendiam Balzac, Dickens, José de Alencar.

Se é que existe literatura “nacional”

É forte a tentação de pensar que, como algo está na origem, sua presença afetaria tudo o que veio depois, como um traço congênito. Sem avaliar essa presunção, é fácil observar que, em programas literários subsequentes, o argumento de José de Alencar foi repetido: a literatura que se atacava não estaria à altura do Brasil.

O Brasil excelente de Bruno Tolentino

Bruno Tolentino, poeta e ensaísta ocasional, faleceu há dez anos e poucos dias. O que ele escreveu sobre Oswald, as ideias que desenvolveu sobre o modernismo de 1922, traziam um misto de perspicácia e ingenuidade.

O poder do mito

Os mitos entram como uma espécie de chave da vida individual. A "jornada do herói", cujo apelo seria comprovado por ter estado no fulcro de pequenas tribos e grandes civilizações, permaneceria viva, hoje, como uma possibilidade que cada pessoa poderia realizar sozinha.

Napoleões do Ressentimento

Se o diálogo aparentemente fora de cogitação ficar mesmo fora de cogitação, ao menos a experiência sugere que possamos aguardar um novo Napoleão do ressentimento.

A perplexidade

Há uma função legítima (restrita, mas firme) para o Estado, e é melhor jogar com regras ruins do que abolí-las porque os jogadores trapaceiam sem parar.

Todos contra a multidão

Foi o filósofo Jean-Pierre Dupuy quem primeiro estabeleceu uma relação entre o terrorista e Cristo: se este, na cruz, pede ao Pai que perdoe a multidão anônima que pediu sua crucifixão, pois esta "não sabia o que fazia", o terrorista decide executar uma violência contra uma multidão anônima.