"Quase como uma teologia, mais do que uma filosofia, as histórias do amor em Rohmer se rebobinam entre personagens, em geral jovens estagnados com algum tipo de insatisfação e que buscam, pela linguagem e pelo arroubo, uma saída para seus dramas íntimos, tantas vezes temporários e até efêmeros. Poderíamos chamar de “dramas existenciais”, mas o termo soa inadequado para Rohmer. A hipótese aqui levantada é a de que o arroubo (“la folie”) responde a desolações cotidianas — de ordem amorosa ou não — ainda que ao decorrer da história tudo se desmanche, que as experiências outrora prazerosas — que criaram alguma expectativa e uma euforia — deixem de fazer sentido porque já não mais pertencem à maior de todas as verdades: a do acaso, que, como uma entidade divina ou sobrenatural, intervém — algo ao mesmo tempo tirado e subvertido da tragédia antiga."
‘La folie’, o acaso e o divino em Éric Rohmer. Por Thiago Blumenthal.
"De certo modo, podemos afirmar que o amor por Albertine difere do amor por Gilberte na mesma medida em que o septeto difere da Sonata." Para Thiago Blumenthal, "a Recherche é uma história de perdas transformada em coisas sensíveis". Proust, um pouco de música, e Albertine (sempre ela).
"Se há algo metafísico na narrativa machadiana, ela é dissecada até não sobrar um fiapo, e por isso não trazer resposta, com certo cinismo quase sensível. No retalho, no rasgo, a sociedade está desmontada, como desmontada está a camada psicológica de todo aquele universo íntimo e coletivo." Machado de Assis rachado, em descontínuo, por Thiago Blumenthal.
A arte pode mentir. A política idem. Às vezes a ciência (as eugenias perversas da Europa na década de 30, a crise ética da indústria farmacêutica, exemplos não faltam). Mas o esporte não. “The Last Dance”, documentário sobre a carreira de um dos maiores gênios do esporte mundial e seu canto de cisne nos Bulls, reflete curiosamente os tempos que vivemos.
Ao contar sua vida, sob sua própria pena, Allen não busca respostas como um Alex Portnoy alucinado pela mãe, pela Macaca, pelo pedaço de fígado bovino (me pergunto se kosher) com o qual se masturba. O autor afirma logo de cara que o faz para deixar as coisas mais interessantes – seus pais rendem uma história muito melhor do que a dele.
(CONTÉM SPOILERS) Thiago Blumenthal analisa o último episódio da mais recente temporada da série americana.
Clare Torry, a deslumbrante Clare Torry, foi chamada aos estúdios da Abbey Road para cantar em uma faixa do Pink Floyd, do Dark Side of the Moon. Perguntou sobre a letra e diz a lenda que Roger Waters respondeu que não tinha letra nenhuma.
Thiago Blumenthal revisita 'Pulp Fiction', de Quentin Tarantino.
Da revanche à moderna concepção de justiça legal, como a literatura retratou o universo da lei ficcionalmente?