Por Camila Gonzatto
O longa-metragem “Cidade Pássaro”, exibido na mostra Panorama, trata da imigração nigeriana em São Paulo a partir da história de dois irmãos.
Amadi, um músico nigeriano, em excelente interpretação de OC Ukeje, chega a São Paulo em busca de seu irmão mais velho desaparecido. Ao longo do filme, o olhar do protagonista revela o centro da cidade sob a perspectiva de imigrantes e suas batalhas diárias. Em entrevista, o diretor Matias Mariani fala sobre o projeto.
Como você iniciou o projeto?
Cidade Pássaro está na minha cabeça há muito tempo. A origem foi o sentimento que tive ao morar nos Estados Unidos, dos 19 aos 24 anos: a sensação de ser estrangeiro, que é, por vezes, libertadora e assustadora. Junto com Maíra Bühler, com quem escrevi a primeira versão do roteiro, começamos a pesquisar sobre imigrantes recém-chegados em São Paulo e nos deparamos com a comunidade nigeriana. Decidimos que um bom método de pesquisa seria darmos aula de português gratuitas para os recém-chegados, o que nos fez ter contato com a comunidade e suas histórias. Com base nessas relações, viajamos para a Nigéria – tanto para Lagos, quanto para o Sudeste (Igboland), onde a história começou a tomar forma.
Você vem do documentário. Como foi fazer seu primeiro longa de ficção?
Os meus documentários sempre tiveram uma relação muito estreita com a ficção, portanto, não foi um pulo tão grande. Tem algo que carreguei do documentário para o filme de ficção, que é a pesquisa ser totalmente indissociável do roteiro. Não paramos de “pesquisar” em nenhum momento durante todo o processo de escrita. Era um fluxo contínuo entre histórias que ouvíamos e histórias que criávamos, entrevistas que geravam mergulhos em áreas tão diferentes quanto mitologia Odinani e física contemporânea, e iam se transformando, passo a passo, na ficção que queríamos criar.
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