por Philipp Bühler
A seção do festival “Perspectivas do cinema alemão”, dedicada a novos talentos, foi aberta com um longa fraco, mas na sequência serão exibidas algumas obras promissoras.
Um vagabundo ávido por laços afetivos, um casal de lésbicas estressadas com o relacionamento, a filha de uma mãe feminista como garota de programa amadora – na verdade, todo o pacote de sempre no filme de abertura da seção Perspectivas, uma fofa vitrine especial destinada a implicações amorosas. A seção de novos talentos do Festival de Cinema de Berlim raramente traz grandes temas. Cineastas iniciantes costumam experimentar com aquilo que já conhecem, ou seja, relacionamentos arruinados ou milagrosamente felizes. Os diretores escrevem alguns diálogos ligeiros e parecem, com isso, engraçadinhos ou singulares, às vezes também propositalmente ingênuos. Mas, nessas alturas, onde está o charme usual? Há algumas cenas interessantes em Easy Love, a estreia de Tamer Jandali, no qual sete exemplares da Geração Y giram em torno de si mesmos em busca de amor – obviamente. Mas, no fim das contas, tudo isso não parece apenas terrivelmente artificial, como também entediante em sua falta de forma.
Do Filme Híbrido à “Forma Documental”
O novo fenômeno leva o nome de “forma documental”, ou pelo menos é assim que vem sendo chamado neste ano em todas as seções do festival. A nomenclatura refere-se a uma mistura de documentário com filme de ficção, que não tem muito a ver com os interessantes “filmes híbridos” dos últimos anos. O jogo entre realidade e ficção, improvisação e arte, foi suspenso, as esferas não são mais diferenciáveis – o que, em tempos de mídias sociais e de uma autoencenação constante, exige naturalmente uma autenticidade enorme, embora não vá além de um reality show nebuloso. Dreißig (Trinta), de Simona Kostova, bem como Heute und morgen (Hoje e amanhã), de Thomas Moritz Helm, são dois filmes realizados a partir desse mesmo modelo. Não estou muito entusiasmado.
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