Os filhos de Bach, a filha de Coppola…

por Leandro Oliveira

O público paulistano teve oportunidade de ouvir por duas vezes nesta semana Emmanuel Pahud, flautista principal da Filarmônica de Berlim – na verdade, muito além disso, talvez o mais impressionante flautista da atualidade. No programa oferecido pelo Cultura Artística nos dias 06 e 07 de junho, na Sala São Paulo, o Concerto para flauta n. 2 em ré maior K 314 de Mozart, o Concerto para flauta n. 7 em mi menor de François Devienne, além das Sinfonias  n. 47 (em sol maior, de Haydn) e n. 29 (em lá maior, de Mozart)

Um interessante e bem equilibrado programa “iluminista”, se é que podemos dizer assim.

Se Pahud ficou conhecido quando entrou na Filarmônica de Berlim aos 22 anos (o instrumentista mais jovem da orquestra), mais recentemente sua gravação dos concertos para flauta de Carl Philipp Emmanuel Bach (1714-88), com a Potsdam Kammerakademie dirigida do cravo por Trevor Pinnock, tornou-se inequívoca referência do repertório do século das luzes (infelizmente, este repertório não foi apresentado em São Paulo).

Os três concertos de Carl Philipp foram compostos à ocasião da não curta passagem do mais ilustre filhos de J. S. Bach pela corte de Frederick, o Grande – onde foi empregado por 30 anos. O poderoso monarca era um flautista competente.

Ambos assuntos – a obra de C. P. E. Bach, e a música na corte de Frederico – são temas dos podcasts e acervo de fontes primárias do projeto que auspicia este blog. O podcast sobre “A música no século das luzes”, com Mário Videira (coordenador do curso de pós-graduação em música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), Monica Lucas (chefe do departamento de música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e eu, pode ser visitado aqui.

As referências musicais da corte de Frederico, no link abaixo.

Visita indispensável.

https://www.teatrodomundo.com.br/frederico-o-grande-oferece-um-concerto/

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Pois não, estréia hoje nos cinemas brasileiros “Os filhos de Bach”. Uma coprodução entre Alemanha e Brasil, conta a história de um professor de música alemão que herda uma partitura original de um dos filhos de Johann Sebastian Bach. A partitura está no Brasil, em Ouro Preto.

Com Edgar Selge Stepan Necerssian, Thais Garayp e Marília Gabriela, o filme recebeu no Festival Emden o prêmio de melhor filme do público, além daquele de diretor revelação para Ansgar Ahlers.

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Por falar em cinema: Sofia Coppola ganhou o prêmio de diretora em Cannes mas nos diz respeito, a nós amantes de ópera, o cancelamento da montagem de “La Traviata” que, dirigida por ela, seria apresentada no Teatro Colón em setembro próximo.

A co-produção do Teatro Colón com o Teatro de Ópera de Roma trará em seu lugar a célebre versão de Franco Zeffirelli, não aquela anunciada em finais do ano passado.

Uma pena.

A montagem luxuosa de Sofia Coppola, com figurinos de Valentino, é aguardada pelo público de Londres, que poderá acompanhá-la nos cinemas (com direção do mestre Peter Gelb), a partir do dia 08 de Julho.

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