Resistência desde 1500

Patricia Ferreira. “I am an indigenous woman”. | Foto: Anna Azevedo.

Por Camila Gonzatto

A exposição Carta de uma mulher Guarani em busca de uma terra sem mal apresenta a obra da cineasta indígena Patrícia Ferreira Pará Yxapy e integra a programação do Forum Expanded da Berlinale, em parceria com o espaço de arte Savvy Contemporary.

Um mergulho feito pela curadora e cineasta Anna Azevedo nos arquivos da diretora indígena Patrícia Ferreira Pará Yxapy resultou na exposição Carta de uma mulher Guarani em busca de uma terra sem mal.

Azevedo chegou ao trabalho de Patrícia ao se interessar por mulheres cineastas indígenas, quando realizou o curta-metragem Em busca da terra sem males, exibido na Berlinale de 2017. “Entrei no site da ONG Video nas Aldeias para conferir quem são as mulheres indígenas que trabalham com audiovisual. Para minha surpresa, em um universo de cerca de 55 cineastas, apenas três são mulheres. Foi nessa pesquisa que conheci o trabalho da Patrícia e passei a ficar atenta ao que ela andava produzindo”, conta.

Patrícia Yxapy, da aldeia Guarani Koenju, localizada em São Miguel das Missões (RS), no sul do Brasil, começou a trabalhar com vídeo em 2008, a partir de oficinas justamente do projeto Vídeo nas Aldeias, que impulsiona a produção audiovisual em aldeias indígenas de todo o país desde 1986. “Sempre tive curiosidade pelas histórias das nossas mulheres e seu trabalho. Achei perfeito me aproximar delas com essa outra ferramenta que não tínhamos”, conta a cineasta.

Dentro de sua aldeia, o fato de ser cineasta não a coloca em um lugar de diferença. “Sou mais uma mulher indígena – sou mãe, filha, neta, sou também professora – que luta. Mas, quando saio, sinto uma diferença enorme. Há também poucas mulheres não-indígenas que são cineastas. Vejo como é importante essa luta, como é importante ser uma mulher indígena e lutar através do audiovisual. Dessa forma, diminuímos o preconceito”, diz Yxapy.


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A cobertura da Berlinale é uma parceria Goethe-Institut e Estado da Arte

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