por Eduardo Wolf
“Direita”, “direitista”, “conservador”, “liberal” e “reacionário”: essa variedade de termos políticos, mais ou menos vagos, mas dotados de significação histórica e conceitualmente relevantes, foi resumida, no Brasil, a xingamento. “Coxinha” é uma expressão que frequentemente traduz o insulto pretendido.
Para além do insulto, resta a indiscutível confusão: qual a validade desses conceitos para compreendermos nossas organizações sociais e políticas? Os dilemas de nossa sociedade ainda podem ser enquadrados na velha divisão esquerda vs. direita? Todas essas questões ganharam proeminência no debate público brasileiro com a ascensão dos sentimentos antipetistas, os movimentos de oposição ao governo Dilma Rousseff que pressionaram por seu impeachment e, internacionalmente, com a emergência de fenômenos como Donald Trump nos Estados Unidos e o voto pelo Brexit no Reino Unido.
Para pensar sobre essa suposta “ascensão da nova direita”, o programa Quem Somos Nós me recebeu para um saborosa entrevista conduzida, como sempre, pelo ótimo Celso Loducca. Como tento explicar durante nossa conversa, os termos “progressismo” e “conservadorismo” talvez captem melhor os sentidos ainda vivos da distinção entre campos opostos na política do que os próprios termos “esquerda” e “direita”. Para isso, proponho uma pequena jornada histórica e conceitual de compreensão desses termos.
Espero que seja esclarecedor. E que vocês gostem, claro.