“A condição da classe trabalhadora em Londres” de Friedrich Engels

Uma cidade como Londres, onde um homem pode vagar por horas sem sequer se aproximar do começo do fim, sem se deparar com o mais leve sinal capaz de sugerir que há um campo aberto ao alcance, é uma coisa estranha.

Doré - London

Uma cidade como Londres, onde um homem pode vagar por horas sem sequer se aproximar do começo do fim, sem se deparar com o mais leve sinal capaz de sugerir que há um campo aberto ao alcance, é uma coisa estranha. Esta centralização colossal, este amontoado de dois milhões e meio de seres humanos em um único ponto, multiplicou cem vezes o poder destes dois milhões e meio; transformou Londres na capital comercial do mundo, criou as docas gigantescas e aglomerou os milhares de navios que continuamente recobrem o Tâmisa. Eu não conheço nada mais imponente do que a visão que o Tâmisa oferece durante a subida desde o mar até a Ponte de Londres. As massas de construções, com atracadouros dos dois lados, especialmente de Woolwich em diante, as incontáveis embarcações ao longo de ambas as margens, conglomerando-se cada vez mais juntas umas das outras, até, finalmente, restar apenas uma passagem estreita pelo meio do rio, uma passagem através da qual centenas de barcos a vapor se precipitam uns sobre os outros; tudo isto é tão vasto, tão impressionante, que o sujeito é incapaz de se recompor, perdido na maravilha da grandiosidade da Inglaterra antes mesmo de botar os pés no solo inglês.

Mas os sacrifícios que tudo isto custou logo se tornarão aparentes…

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