“A nossa é uma época importante, um tempo de fermentação no qual o Espírito se precipitou adiante e superou a sua antiga forma, adquirindo uma nova. Toda a massa das ideias, conceitos e vínculos do passado se dissolveram e tudo colapsa como num sonho. Uma nova emergência do Espírito está em curso”.
Assim, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, no início do século XIX, descrevia o zeitgeist de sua geração. Convicto de que a filosofia deve articular uma visão sinóptica de todos os nossos interesses básicos num empreendimento profundamente autônomo e unificado, um todo orgânico, e não uma série de enigmas abstratos e altamente tecnicizados, ele elaboraria, junto a Fichte, Schelling e outros, aquela que foi possivelmente a especulação mais sofisticada e ambiciosa da história do pensamento.
Desde então, todo esforço filosófico de fôlego teve de fazer as contas com o Idealismo, engajando críticos de posições tão diversas como Kierkegaard, Schopenhauer ou Nietzsche. E hoje, mesmo escolas supostamente anti-idealistas, como o positivismo lógico ou a filosofia analítica, ou se veem condenadas a se ossificar como um fenômeno histórico datado ou retornam às concepções idealistas a fim de aprofundar suas intuições. Mas, muito além da pura reflexão, obras como A Filosofia do Direito de Hegel, afetariam tanto as ideologias conservadoras quanto as revolucionárias ao longo dos últimos dois séculos.
O idealismo não só influenciou de modo seminal a ideia alemã de Estado, como toda a obra de Marx e a moderna ideologia comunista, a intelligentsia revolucionária russa e mesmo o fascismo.
Convidados
Luiz Repa: professor de filosofia política da Universidade de São Paulo e autor da dissertação Habermas e a Reconstrução do Conceito Hegeliano de Modernidade.
Marco Werle: professor de Estética e Filosofia da Arte da Universidade de São Paulo e autor de A Poesia na Estética de Hegel.
Pedro Franceschini: doutorando do departamento de filosofia da Universidade de São Paulo com a tese Estética e Mitologia na Filosofia Clássica Alemã.