por Leandro Oliveira
O Theatro São Pedro apresentou no último final de semana a ópera Domitila, do compositor carioca João Guilherme Ripper.
O sucesso da apresentação e montagem da peça — com cerca de 40 minutos, um trio (piano, violoncelo e clarinete) e soprano — é a demonstração cabal que serão a criatividade, o conhecimento, e sobretudo a coragem, a solução para a crise. Como disse em texto de algumas semanas: fazer mais com menos, fazer melhor é a única saída. Parabéns ao Theatro São Pedro.
Bem a propósito, as pequenas mas ativas instituições FHNW Hochshule für Gestaltung und Kunst (Suíça) e o Vitra Design Museum (Alemanha) promovem o encontro “It’s not the Economy… Rethink entrepreneurship through Culture” (“Não é a Economia… Repensar o empreendedorismo através da Cultura”), nos dias 2 e 3 de março.
O objetivo: demonstrar o poder do empreendedorismo na economia da cultura, tirar o sabor amargo da boca daqueles não podem com a combinação entre atividade empresarial e arte, tentar ver as tantas e novas oportunidades de trabalho para os artistas que se abrem ao jogo do mercado.
***
Aniversariantes da semana: o compositor norte-americano John Adams fez, no último dia 15 de fevereiro, 70 anos.
Acabo de encomendar dois livros que demonstram uma perplexidade da musicologia histórica atual.
Music After the Fall: Modern Composition and Culture since 1989 (Música Após a Queda: Cultura e Composição Moderna desde 1989) de Tim Rutherford-Johnson, e From 1989, or European Music and the Modernist Unconscious (Desde 1989, ou Música Europeia e o Inconsciente Modernista) de Seth Brodsky (ambos pela University of California Press) apontam para o mesmo objeto: a produção musical dos anos pós guerra-fria.
A pergunta “será que tivemos, após o término da guerra-fria, uma nova conjuntura estética coerente?” tem subentendida um problema estimulante; afinal, estética e história política caminham necessariamente de braços dados?