por Leandro Oliveira
Os amantes de música que aproveitarem as férias para passear pela Europa, não poderão de deixar de visitar a 57a Bienal de Veneza e a Documenta 14 em Kassel – dois dos eventos mais relevantes do mundo da arte internacional.
Pois se a quantidade obras em exibição é enorme, não tão curiosamente, parece existir uma proporção excepcionalmente grande de Sound Art em ambas as mostras.
Em Veneza, tanto na exibição principal, “Viva Arte Viva”, com projeto da curadora Christine Macel, quanto nos vários pavilhões nacionais e espetáculos colaterais é possível deparar-se com algumas referências desse meio expressivo que está passando por um boom internacional.
Entre os “artistas sonoros”, talvez o mais interessante seja Samson Young, representante de Hong Kong para esta edição da Bienal. Young propõe-se um artista “multidisciplinar com formação em música mas prevê em seus trabalhos desenhos, vídeos e instalações multimídia ou performances”. Para a 57ª Bienal de Veneza, ele leva “Songs for disasters relief” que, segundo a descrição do catálogo, foi criado como um diálogo com as “canções de caridade” – gravações para causas internacionais do tipo “We are the World”, para crianças na África. Estas canções – “eventos históricos” ou “monumentos culturais”, segundo ele – são a matéria-prima para algumas entre as obras expostas pelo artista. Young conta com carreira e visibilidade crescente: apenas em 2016, realizou uma série de aparições solo pelo mundo, em Basel, Hong Kong ou na Kunsthalle de Düsseldorf.
A Documenta 14, por sua vez, a aposta em um decano da “Sound Art”: artista americano, um dos participantes do grupo “Fluxus”, Benjamin Patterson (1934 – 2016). Em Kassel, localizada ao longo da avenida à frente do Karlsaue Park, é possível ouvir sua instalação muito antes de vê-la: uma sinfonia rãs que croam – ora sutilmente e doces, ora selvagens – entre vozes humanas que emulam sapos ou enunciam provérbios. O efeito é criado pela difusão realizada por 16 caixas de som posicionadas de modo sutil pelo espaço. O trabalho chama-se “When Elephants Fight, It’s the Frogs That Suffer” e é, nas palavras do artista, que morreu há cerca de um ano, “um protesto por meio do som, um graffiti sonoro”.