Falando de Música: Problemas de gestão já contratados

Para as instituições culturais nacionais, cujo modelo de financiamento as protege da ausência do público, qualquer que seja o tempo de solução da crise, os efeitos se perpetuarão nas temporadas 2021/2022.

por Leandro Oliveira

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O Teatro de Ópera de Wiesbaden reinicia suas atividades guardando os protocolos que começam a ser experimentados nas sociedades de música da Europa. Será possível seguir com as atividades por conta exatamente do modelo de financiamento europeu, que trata museus, salas de concerto e grandes companhias de teatro como patrimônio público. Isso faz com que, num sistema misto, com rendas de patrocínio privados e bilheteria, jamais deixe de haver algum tipo — por vezes grande — de presença estatal, seja por aporte direto, seja por modos indiretos por meio de regulamentação fiscal.

A pergunta que se faz é se, com algumas adaptações, este modelo de distanciamento pode dar certo no Brasil. A resposta é: “dar certo”, no sentido de ser viável, acredito que sim. Temos, no Brasil, como na Europa, uma grande subvenção estatal para os eventos de música clássica e cultura em geral — o que garante um percentual muito baixo, em termos relativos, dos rendimentos de bilheteria como fonte indispensável de manutenção dos equipamentos culturais. As temporadas sofrerão mas, nesse sentido, não serão inviabilizadas. Algumas orquestras funcionam de modo completamente subvencionado por meio de leis de incentivo. De algum modo, o alto percentual de gratuidade proposto pela nova Lei Rouanet já antecipa a questão.

No Brasil, a área cultural no sentido mais amplo opera com duas questões, de impacto econômico tão inquietante quanto potencialmente catastrófico.

A primeira trata das atividades cuja participação do público seguem fundamentais para sua operação, e a variação de bilheteria é sensível. São os cinema e musicais, que certamente sofrerão bastante com medidas que não permitiriam além de um terço da ocupação de suas salas de exibição e performance, por exemplo

Outra bomba, essa mais abrangente, será de efeito retardado e já está contratado. Com a queda da atividade econômica e produtiva, decorrência natural, em todos países, da pandemia (e não das propostas de isolamento social, como alguns querem fazer crer), é de se esperar uma queda decisiva das margens de lucro e impostos — e com eles, a diminuição, que já se calcula em centenas de milhões de reais, da capacidade de financiamento dos projetos culturais por meio das leis de incentivo.

Para as instituições culturais nacionais, cujo modelo de financiamento as protege da ausência do público, qualquer que seja o tempo de solução da crise, os efeitos se perpetuarão nas temporadas 2021/2022.…..

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