por Leandro Oliveira
Quatro anos após o anúncio do nome de seu novo diretor, a Filarmônica de Berlim lança a primeira temporada sob a batuta de Kirill Petrenko.
Com o concerto do dia 23 de agosto, a participação do maestro como novo chefe da orquestra começa oficialmente, em dez meses de uma programação tipicamente cosmopolita, exatamente a que costuma agradar ao público berlinense. A variedade é evidente, com muitas obras modernas (como Alagoana, Caprichos Brasileiros de Bernd Alois Zimmermann), algumas contemporâneas (a nova Alhambra de Peter Eötvös) ao lado de inumeráveis grandes peças do repertório tradicional (com o destaque para o curiosamente raro oratório Christus am Ölberge (Cristo no Monte das Oliveiras), o op. 85 de Ludwig van Beethoven). Há algum apelo popular-chique (um programa de Petrenko e Diana Damrau com obras de Gershwin, Bernstein e Cole Porter no Ano Novo), a aposta em jovens artistas (o maestro Santtu-Matias Rouvali e a pianista Alice Sara Ott fazem sua estreia com a orquestra) e alguns dos decanos lendários da regência (Zubin Mehta e Herbert Blomstedt).
Notável é a observação que nesta temporada consagram-se os diretores da geração de Petrenko (que completou 47 anos), com maestros estelares como Gustavo Dudamel, mas também Daniel Harding, Yannick Nézet-Séguin, Teodor Currentzis (que estreia com a orquestra), Mikko Franck, François-Xavier Roth ou Jakub Hr?ša.
A orquestra realiza duas turnês: pelo Oriente e outra pela Europa e Israel (primeira aparição da orquestra em 26 anos). Beethoven – cujos 250 anos de nascimento são comemorados em 2020 -, estará largamente presente ao longo do período, não apenas com o concerto de abertura (sua Nona Sinfonia) mas também com a ópera Fidelio, apresentada em Berlim e no Festival de Páscoa de Baden-Baden, entre outros concertos.
Nas notas de divulgação, a orquestra chama a atenção para a forte presença feminina “com maestra Emmanuelle Haïm, os cantores Marlis Petersen – o artista da residência da orquestra -, Diana Damrau, Elina Garan?a, Anja Kampe e Julia Lezhneva, além das instrumentistas Isabelle Faust, Janine Jansen, Alice Sara Ott e Anna Vinnitskaya”.
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Ao mesmo tempo, o Theatro São Pedro de São Paulo anuncia sua programação – não para o biênio que se encerra em meados de 2020, mas para os meses que completam a nossa produção em 2019.
Após soluços e alvoroços sobre os gastos governamentais da Cultura, a mais que valente equipe artística e de produção do TSP organizou uma temporada ambiciosa pela variedade e pertinência de programação.
A Orquestra do Theatro São Pedro já apresentou até aqui dois programas sinfônicos (com os maestros Cláudio Cruz e Luis Otavio Santos) e ainda fará mais quatro com maestros convidados, incluindo estrangeiros com trabalhos estabelecidos no Brasil. Ao todo serão 12 apresentações até novembro, sob a batuta dos regentes Stefan Gaiger, John Boudler, Tobias Volkmann e Simone Menezes.
A temporada lírica – cujo impacto é agigantado pelo impressionante apagão pelo qual passa o gênero no Theatro Municipal – conta com quatro montagens originais: La Clemenza di Tito, de Mozart (que estreou na última sexta-feira e fica em cartaz até o próximo domingo, dia 5 de maio), O Caso Makropulos, do compositor tcheco Leoš Janá?ek – que terá sua primeira montagem no Brasil, sob direção de Ira Levin e André Heller-Lopes –, L’Italiana in Algeri, de Gioachino Rossini (com Valentina Peleggi e direção cênica de Livia Sabag), e a estreia mundial de Ritos de Perpassagem, ópera encomendada pela Santa Marcelina Cultura ao compositor contemporâneo brasileiro Flo Menezes. Ainda uma estreia, O Peru de Natal, do compositor Leonardo Martinelli, fruto da encomenda conjunta do Santa Marcelina Cultura (gestora do TSP), Dinâmica Produções e Cia. Ópera São Paulo, realiza duas récitas dias 14 e 15 de dezembro.