por Leandro Oliveira
Em 1939, junto a seu companheiro Peter Pears, o compositor britânico Benjamin Britten (1913 – 1976) faz parte da leva de pacifistas que emigraram da Inglaterra para a América do Norte: na Europa formavam-se as nuvens da guerra. Mas enquanto W. H. Auden e Cristopher Isherwood, por exemplo, seguem expatriados o resto de suas vidas, Britten e Pears retornam a seu país em pleno ano de 1942, no auge do conflito. Da produção de Britten nos anos americanos, ficaram o “Concerto para Violino” e a “Sinfonia da Requiem”.
Obras maiores de um compositor maior, e que não se comparam em extensão ou pretensão com seu “War Requiem”. Pensado em plena Guerra Fria, e após a sucessão de conflitos que se desdobram dela – sua estreia antecede em meses a crise dos mísseis em Cuba – o “War Requiem” veio a público no dia 30 de maio de 1962, à ocasião da consagração da Catedral de Coventry (que havia sido destruída durante a guerra). Como muito daquilo que Britten faz, a obra é plena de significados irônicos, com a justaposição das palavras latinas da liturgia do Requiem aos poemas póstumos, soturnos e desesperançados, de Wilfred Owen (1893 – 1918), jovem poeta pacifista morto em combate durante a Primeira Guerra Mundial.
Neste contexto, e com intenções reforçadas por declarações do próprio compositor, é que para alguns, o “War Requiem” é entendido como um monumento pacifista. No caso, talvez, o mais impactante manifesto do gênero na música ocidental. Apresentado na Sala São Paulo pela última vez no longínquo ano 2000, o “War Requiem” de Benjamin Britten retorna ao público paulistano com a Osesp, coros e solistas, nos dias 12, 13 e 14 de outubro, sob a regência de Marin Alsop.