por Leandro Oliveira
“Essas divisões nunca sararam. Essas pessoas acabaram de morrer! As pessoas que não querem você não mudam de idéia. Você sobrevive a eles, se tiver sorte. Estão todos mortos agora, os caras mais velhos. A batalha nunca foi vencida ou perdida. O exército apenas foi embora.”
Este é o trecho mais impactante da entrevista concedida pelo compositor Philip Glass ao “The Guardian”. Trata-se da resposta a um dos assuntos mais perversos da música clássica de nosso tempo: a patrulha que certos setores da criação acabaram por fazer com as estéticas tonais, melódicas, e de procedimentos ou estruturas repetitivas. Em algum momento – e a resposta reverbera esta questão de modo inequívoco – um dos lados da controvérsia teve seu general, e ele chamava-se Pierre Boulez.
A guerra acabou? “Não, não, não, não e não” é a resposta contundente do compositor. Boulez e Stockhausen, seus antípodas, são alguns destes que “acabaram de morrer”. O primeiro, com uma área de influência não pequena, foi inclusive diretor musical da Filarmônica de Nova York, cidade onde Philip Glass mora há pelo menos quarenta anos.
E para se ter uma dimensão do que foi esta “batalha”: acaba de ser anunciada a PRIMEIRA APRESENTAÇÃO pública de uma obra de concerto de Glass – o maior compositor vivo residente em Nova York – pela Filarmônica local. É o que o compositor, que completou 80 anos no dia 31 de Janeiro, celebrando a programação de seu concerto para dois pianos, acaba de anunciar em seu Twitter.
Um trecho do concerto, por ser ouvido abaixo.