Diálogo final de “Assassino sem recompensa”

Da peça homônima de Eugène Ionesco. Paris, 1958 d.C.

Bérenger, o herói paspalho, é introduzido a um ambicioso empreendimento urbano. Seu inventor, o Arquiteto Municipal, mostra como ali projetaram uma luz do sol perene e um clima de perpétua primavera. Cada vez mais maravilhado com a Cidade Radiosa, Bérenger se surpreende ao notar que as ruas estão vazias e fica sabendo que quem não fugiu está trancado em casa: um assassino anda afogando suas vítimas após convidá-las a ver uma certa “foto do coronel”. O Arquiteto – que também é doutor e chefe de polícia – se espanta com o espanto de Bérenger, afinal, o mundo é mesmo cheio de misérias e assim os jornalistas ganham seu pão.

Ao saber da morte de Dany, a secretária do Arquiteto por quem acabara de se apaixonar, Bérenger decide perseguir o assassino. Logo descobre horrorizado que todos na cidade já se acostumaram há muito tempo com os assassinatos, cada um se alienando à sua maneira, alguns até lucrando com a história. Na cena final, obcecado com o assassino e mais ainda com a indiferença geral, Bérenger decide, como último recurso, ir à Prefeitura.

Leia o texto da última cena: O Grande Teatro do Mundo

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