Ecos da Era do Jazz

F. Scott Fitzgerald. 1931 d.C.

É cedo para escrever sobre a perspectiva da Era do Jazz, e sem a suspeita de esclerose precoce. Muitas pessoas ainda sucumbem a uma ânsia violenta quando se deparam com qualquer um de seus jargões e palavras características – palavras que desde então proveram vivamente o linguajar do submundo. Está tão morta quanto estavam os “Yellow Nineties” [como se chamava a geração dos anos de 1890] em 1902. Ainda assim este escritor já olha para trás com saudade. Ela o aturou, o bajulou e lhe deu mais dinheiro do que jamais sonhou, simplesmente por contar às pessoas que ele sentia como elas, que algo deveria ser feito com tanta energia acumulada e não descarregada na Guerra.

O período de dez anos que, como se relutasse em morrer definhava em sua cama, precipitado a uma morte espetacular em Outubro de 1929, se iniciou na época dos tumultos do Dia do Trabalho de 1919. Quando a polícia enxotou aqueles rapazes interioranos deixando boquiabertos os oradores na Madison Square, foi uma espécie de medida destinada a alienar os jovens mais inteligentes da ordem estabelecida. Nós não lembrávamos nada da Declaração dos Direitos civis até que [o jornalista H.L.] Mencken começasse a nos despertar, mas sabíamos que esse tipo de tirania era coisa das republiquetas irrequietas do Sul da Europa. Se empresários do tipo “fígado de ganso” tinham esse efeito sob o governo, então talvez realmente tivéssemos ido para a guerra só para recuperar os empréstimos de J.P. Morgan. Mas, porque estávamos cansados das Grandes Causas, não houve mais do que uma ligeira irrupção de indignação moral, tipificada nos Três soldados de [John] Dos Passos. Na época, começávamos a receber nossas fatias do bolo nacional e nosso idealismo só se incendiou quando os jornais desfilaram seus melodramas em histórias como [o escândalo financeiro] do [presidente] Harding e sua gangue [de políticos e industriais] de Ohio ou [o julgamento] de Sacco e Vanzetti[, os anarquistas]. Os eventos de 1919 nos deixaram cínicos mais do que revolucionários, apesar do fato de que agora estávamos todos remexendo nossos baús e nos perguntando onde deixáramos nossos gorros de libertários – “Tenho certeza que tinha um” – e nossa jaqueta mujique. Era característico da Era do Jazz não ter qualquer interesse em política. . .

Confira na íntegra em O Grande Teatro do Mundo

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