Em seu discurso ao receber o Nobel de Literatura em 1995, o poeta irlandês Seamus Heaney tocou num ponto que me parece essencial para a compreensão da experiência lírica: um poema é uma maneira de perceber o estar no mundo a partir de uma visão que é, ao mesmo tempo, estrangeira e particular.
Em um show gravado em Minas, no ano de 1981, Tom Jobim, logo à primeira música, anuncia as razões para se apresentar sozinho, sem seus tradicionais e muitos acompanhantes de banda e coro. Diz ele que há uma hora em que o artista precisa se entregar mais, “sem aquela armadura toda”.