A coluna de hoje, a ser continuada nas próximas semanas, apresenta sete tipos de pretensão poética que, se não alcançam a página, tornam-se a destruição da própria poesia.
De todas as produções artísticas humanas, a poesia é a que mais se parece com a capacidade múltipla de nossa consciência.
Se é certo que Boécio, em meio a torturas e esperando sua execução, expulsou logo de início as Musas e tomou para seu consolo a filosofia, visto que considerava a poesia inepta para assuntos de grande monta como a morte, também é igualmente seguro dizer, como Gustavo Corção, que somente a poesia, como em Dante, é capaz de nos guiar em meio aos infernos.
Em seu discurso ao receber o Nobel de Literatura em 1995, o poeta irlandês Seamus Heaney tocou num ponto que me parece essencial para a compreensão da experiência lírica: um poema é uma maneira de perceber o estar no mundo a partir de uma visão que é, ao mesmo tempo, estrangeira e particular.