"Houve uma mudança tão radical no discurso dos movimentos feminista, negro e gay das últimas décadas que algumas das teses centrais de líderes negros, gays e feministas do passado são hoje abertamente tidas como racistas, homofóbicas e misóginas." Para o Prof. Rogério P. Severo, "é preciso separar as reivindicações legítimas por justiça e igualdade de oportunidade pleiteadas por mulheres, negros e gays das aberrações intelectuais que se imiscuíram nesses movimentos."
Em meio aos contratempos da quarentena, Eduardo Cesar Maia decidiu revisitar a biografia de Sir Isaiah Berlin — e compartilhou com o Estado da Arte sua leitura sobre a vida intelectual como drama das ideias e da consciência do homem que nasceu em Riga.
Em entrevista exclusiva ao Estado da Arte — conduzida e traduzida por Rodrigo Coppe e Filipe Campello —, o filósofo Charles Taylor falou sobre identidade, cidadania, religião, neoliberalismo, democracia. Sobre nossa condição, nossas circunstâncias.
"Acompanhando vozes de natureza conservadora, este texto é um tímido manifesto conservador. Um manifesto que rejeita a antecipação de um mundo, um mundo que alguns tentam normalizar diante dos desafios da pandemia causada pela Covid-19. Não há que se normalizar circunstâncias que nos entristecem e constrangem nosso bem-estar." Para Celina Brod, "a expressão 'o novo normal', que tem sido usada sem pudor, é um equívoco de mau gosto. Mesmo que todos estejam entretidos com suas gerigonças, é preciso manter o empenho na restituição do velho normal. O novo, há que se insistir nisso, é anormal."
De acordo com Desidério Murcho, "não há razões sequer remotamente promissoras a favor da proibição da eutanásia voluntária." Para o Prof. Murcho, "a ideia clara e evidente de que é imoral proibir o que não afeta negativamente seja quem for custa imenso a caber na mentalidade hipernormativa infelizmente tão comum", uma dificuldade mental que tem duas razões principais: "exibir imaginadas superioridades morais perante os outros" e "um dos fenómenos mais infelizes da psicologia humana, o pensamento de manada".
Um ensaio de Filipe Campello sobre a crítica estrutural e o que resta dela. Sobre culpa, responsabilidade individual, cultura do cancelamento, sobre o vocabulário de nossa liberdade. Sobre o paradoxo do moralismo persecutório: "Ao invés de voltar-se para a crítica a formas estruturais de injustiça, o que o uso equivocado de conceitos como lugar de fala e outras práticas como linchamento virtual e cancelamento têm feito é o patrulhamento sobre quem pode ou não falar, muitas vezes assumindo um caráter cerceador da liberdade e de interdição do discurso. No limite, ele joga fora tanto as dimensões estruturais da crítica quanto a possibilidade de responsabilização individual — ou seja, a capacidade que cada um tem de rever suas próprias posições."
As ideias têm consequências — e muitas delas não são esquecidas antes de provocar alguns estragos. Um ensaio de Ricardo Mantovani sobre a rotundidade da Terra (!); sobre mitos, sobre o aplainamento do globo — e da inteligência —, sobre o terraplanismo ao redor do mundo e sobre o lugar do Brasil no mapa da plana Terra dos bárbaros.
Ensaiar é fazer prova, analisar: monetam inspicere. Refletir, distinguir, ponderar. Se a capacidade de fazer distinções é uma das primeiras vítimas dos fanatismos em suas múltiplas manifestações, o ensaio se torna uma espécie de antídoto, pois não quer parar de perguntar, de perguntar-se. “Vou, inquiridor e ignorante”, dizia Montaige sobre a sua prática. Por isso o gênero ensaístico é antiautoritário por excelência. Um ensaio de Rodrigo Coppe Caldeira sobre... o ensaio. Sobre o ensaísmo, expressão da coragem espiritual e da restauração da intimidade com a dúvida.
"Será que as coisas são mesmo como parecem? O que está em questão é a distinção entre a contingência e necessidade: algumas verdades parecem instáveis, digamos, no sentido de parecer que poderiam ter sido falsas, ao passo que outras parecem de tal modo estáveis que aparentemente não poderiam ter sido falsas. Isto significa que parece que as verdades têm modos: aparentemente, algumas frases são verdadeiras no modo da necessidade e outras no modo da contingência."
Um ensaio do Prof. Desidério Murcho sobre as modalidades aléticas da verdade. "Bem-vindo a uma das mais fascinantes áreas da metafísica contemporânea."