Em um momento histórico no qual ficção e realidade parecem em muitas ocasiões não se distinguir, vale relembrar um pouco da história daqueles pensadores que estavam exclusivamente preocupados com a verdade. É o caso de W.V.O. Quine.
O pensamento científico é contraintuitivo. E esse é um dos fatores que explica que não só muitas superstições subsistam atualmente, como, à medida que velhas superstições desaparecem, surjam outras, em catadupa.
Em princípio, propostas diferentes e aparentemente antagônicas com base na ciência não deveriam nos alarmar. O risco, no entanto, de que se possa usar a ciência como uma desculpa para não assumir responsabilidades não é infundado.
De um lado, cemitérios ampliam covas e pessoas começaram a ser enterradas em valas comuns; de outro, municípios reabrem o comércio e comerciantes choram de emoção em meio ao povo que se aglomera na abertura de shoppings. O que está acontecendo?
O suicídio é a questão essencial da vida?, indagam Georges Minois, Andrew Solomon e Albert Camus.
A resposta é mais simples do que se imagina: porque há uma pandemia e porque há um consenso de que o isolamento social é a medida mais eficaz para a mitigação dos problemas (números x tempo) originados de uma possível contaminação em massa.
Para além de todas as mudanças, a pandemia nos trouxe uma outra novidade: a linguagem das virtudes. Agora, estamos sendo demandados a todo momento a sermos virtuosos.
Enquanto cidadãos, somente seremos livres na medida em que pudermos nos realizar politicamente, desenvolvendo-nos como nação e sendo capazes de harmonizar perfeitamente a miríade de interesses privados com o interesse público.
A proposta de G.A. Cohen é que políticas públicas devem passar em um teste "interpessoal”: para que sejam válidas, devem reter sua moralidade independentemente de quem as enuncie.