Em fases de crise, a interpretação das regras e princípios jurídicos é sobrecarregada por incertezas e contingências. De que modo interpretar acontecimentos e conflitos que provocam perturbações e rupturas na ordem social, econômica, legal? Como podem os juízes, cuja formação foi concebida para atuar em tempos normais, lidar com o instável e o indeterminado?
A dimensão simbólica da vida, nos ensinam humanidades da semiologia à ciência política, importa. Quais símbolos se associam a quem, é elemento estruturante de qualquer processo político.
Enquanto o Ocidente assiste ao enfraquecimento do multilateralismo, Estados iliberais usam as potencialidades do mecanismo de cooperação para buscar alcançar seus interesses particulares. Por ser um conceito descritivo e não normativo, o multilateralismo pode ser instrumentalizado para servir a propósitos da política do poder.
"Presidente, o que o aquecedor da piscina do Alvorada tem a ver com sua tentativa de intervir politicamente na Polícia Federal para proteger seus filhos e seus aliados?"
"Ao expor a nossa imensa desigualdade, do acesso à saúde às condições de moradia, a pandemia convida ao debate sobre tributação da renda. Na reforma tributária que estava em discussão na Câmara não se tratava diretamente de tributação sobre a renda ou patrimônio, e o governo também não parecia ter isso como prioridade."
O que explica a relevância estético-política que a referência a Israel adquiriu em um país em que apenas apenas 106 mil pessoas, ou 0,056% da população, se reconhecem como judeu?
"As falas do presidente não nos facultam mais qualquer interpretação benevolente. O que nos sobram são duas possibilidades: estratégia maléfica ou confusão mental. Isto é, o fomento deliberado do caos social ou a ignorância amplificada por ideias ruins."
O símbolo tem o poder de provocar reações e direcionar o entendimento das pessoas. Municiados desse conhecimento, é possível analisar a patética cena, talvez construída por algum guru especializado em patifaria intelectual, do pronunciamento do Presidente, na sexta-feira profana, sobre a bombástica saída de Moro.
"Moro não era dito, desde o início, o grande “avalista” do governo? Agora o ex-ministro acusa o Presidente de pressioná-lo, tentando interferir (afinal, tentou ou interferiu?) em questões familiares? Só agora? Demorou, não? O que teria acontecido a mais, além do que falou na sua despedida?"'