Cinema

Alegorias sobre um futuro possível

A atriz Dira Paes em cena de “Divino Amor”. Direção: Gabriel Mascaro. Berlinale Panorama. | © Desvia

por Camila Gonzatto

Brasil, 2027. Portas eletrônicas identificam o DNA das pessoas, seu estado civil e gravidez. Drive-thrus oferecem serviço religioso. O Carnaval foi substituído pela Festa do Amor Supremo, uma espécie de rave religiosa. Estado, Igreja e tecnologia são indissociáveis. Nesse universo criado por Gabriel Mascaro em Divino Amor, Joana, impecavelmente interpretada por Dira Paes, é uma funcionária de cartório, que tenta dissuadir casais em divórcio.

O sonho de Joana é engravidar. Danilo, seu marido, que trabalha com coroas de flores para velórios, faz o que pode para aumentar sua fertilidade. Eles concordam em quase tudo, menos sobre a beleza de flores azuis, que Danilo considera não naturais e se nega a usá-las em suas coroas. Tudo funciona bem para Joana, até que seu próprio casamento balança. No auge de sua crise, Joana tinge rosas de azul, um momento de fantasia, mas que também é símbolo da artificialidade de sua vida. “O filme é uma alegoria sobre um possível futuro e um possível presente do Brasil. Também quis pensar sobre o corpo e o controle biopolítico que a religião pode exercer”, diz Mascaro. Destaque do filme é o encontro entre religião e erotismo, presente na vida dos personagens.

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A cobertura da Berlinale 2019 é uma parceria entre o Goethe-Institut e o Estado da Arte.