Por Ricardo Vieira Lisboa, um ensaio que inaugura a parceria do Estado da Arte com À Pala de Walsh, de Portugal. Uma estreia que trata de Diário de Sintra, de Glauber Rocha. Afinal, "Rocha é o nome cimeiro do Cinema Novo Brasileiro, mas a sua ligação com Portugal é tão cheia de boas-esperanças e utopias que convocá-lo para o primeiro tomo desta parceria, mesmo que apenas de forma espectral, só poderia ser auspicioso."
"Apesar de menos conhecido do que outros de seus filmes da época, Uma Mulher Casada (1964) é uma das grandes obras de Jean-Luc Godard (a fórmula soa vazia: é impossível escolher). Retoma e subverte ironicamente essa fórmula do triângulo amoroso, relendo-a na Paris do iê-iê-iê, de Françoise Hardy e da nouvelle vague." Entre fotos e nomes, um ensaio de Rodrigo de Lemos sobre Uma Mulher Casada, de Godard.
Trazemos hoje, no Estado da Arte, ‘A recriação da filosofia a partir do cinema’ — um ensaio de Jônadas Techio e Flavio Williges que serve de introdução à antologia Filosofia e Cinema, disponível gratuitamente no espaço da Série de Livros Eletrônicos do Departamento de Filosofia da UFPEL. Confira o ensaio e o link ao livro no post.
Uma conversa com o australiano Adrian Martin, um dos principais críticos de cinema atuais, cuja obra seminal se divide em livros, aulas, ensaios e palestras
"No Brasil, tão deficiente de sua memória, forçoso é despertar."
Em tempos de esquecimento obrigatório imposto à Cinemateca, uma tragédia cultural tão grande exige coragem proporcional para enfrentá-lo. Com exclusividade ao Estado da Arte, com a devida grandeza, o cineasta Júlio Bressane insiste na memória, na preservação de nosso patrimônio — contra a corrente de nosso naufrágio.
De 01 a 30 de setembro, na plataforma Cultura em Casa, acontece a 1ª Mostra Internacional de Cinema Virtual de São Paulo, uma iniciativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Secretaria de Relações Internacionais. Durante um mês, o público pode assistir, gratuitamente e sem sair de casa, a produções dos mais diversos países e gêneros. Na última sexta-feira, Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, e Miguel Forlin, coeditor de Cinema do Estado da Arte, conversaram sobre esse projeto. No bate-papo, gravado para o podcast do Governo do Estado de São Paulo, foram abordadas as principais características do evento e a sua importância em tempos de pandemia. Confira a conversa e todos os devidos links no post.
"Na estrada para Las Vegas, até o homem que dá carona tem o penteado de Elvis Presley. Será inevitável aos que pisam na cidade acabarem assumindo seus traços, tornando-se parecidos com ela? Em Showgirls (1995), testemunhamos tal processo de metamorfose acontecer com a protagonista. Desprovida de quaisquer raízes, sem amigos nem família, sempre evasiva quando lhe perguntam de onde vem, a aspirante a dançarina Nomi Malone aterrissa em Las Vegas como uma tela em branco à espera de ser utilizada."
Por Matheus Cartaxo, um ensaio sobre Showgirls, de Paul Verhoeven — sobre morrer e viver em Las Vegas. Uma parceria com a FOCO - Revista de Cinema.
"A bem da verdade, a viagem que Bob e Charlotte empreendem à capital japonesa pode, ela mesma, ser interpretada como uma metáfora dramática do que acontece quando nos desviamos da decadência do cotidiano, de um modo de ser inautêntico: quando estamos angustiados, vamos para Tóquio — aquele lugar diametralmente oposto ao que vivemos e onde somos, em que nada é familiar e no qual a palavra não é útil." Um ensaio de Juliana Fonseca Pontes sobre Encontros e Desencontros.
"Quantas histórias de amor não acabaram tragicamente por causa do coronavírus? Quantos aspectos de A Peste, do Camus, não são vistos diariamente no nosso comportamento e no comportamento alheio? Como não entender completamente o tédio e o pavor que o isolamento origina nos personagens bergmanianos? Ou as tensões que o convívio fechado entre diferentes pessoas proporciona? E como não enxergar, de um jeito apocalíptico, a realidade em que nos vemos inseridos, com as incontáveis mortes, a crise econômica, os milhões de desempregados e as exigências da subsistência batendo à porta?
Algumas dessas histórias foram contadas por artistas que as viveram. O mesmo pode ser dito de pessoas que, em determinado momento histórico, as leram e viram. Hoje, podemos dizer que também fazemos parte desse grupo."
Pandemia, isolamento e o poder da arte de ficção. Por Miguel Forlin.