Um dos grandes estudiosos do fascismo e do populismo hoje, Federico Finchelstein é Professor de História da New School for Social Research, em Nova York. Em entrevista exclusiva, conduzida por Rodrigo Coppe, o Professor Finchelstein falou sobre sua obra, sobre os conceitos de fascismo e populismo, sobre democracia e ditadura, sobre nosso tempo. Uma parceria do Estado da Arte com o projeto Bolsonarismo: Novo Fascismo Brasileiro, desenvolvido pelo Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP, o Labô.
"Quando a Covid-19 passar e o país tomar consciência da distância entre os problemas socioeconômicos por ela acarretados e a efetividade das leis em vigor, o ultraliberalismo da equipe econômica do atual governo terá de voltar para as gavetas de onde jamais deveria ter saído e a rediscussão do papel do Estado nacional e dos direitos estará na ordem do dia." Para o Prof. José Eduardo Faria, cinco pontos são essenciais nesse debate.
"Os mecanismos para driblar a autocondenação vão desde santificar a ação por nobres propósitos ideológicos, políticos e sociais a eufemismos: uma linguagem que produz uma névoa semântica para esterilizar os atos violentos e contornar a culpabilidade." Um ensaio de Celina Alcântara Brod sobre a força do rótulo no desengajamento que foge à responsabilidade moral individual. "Nosso mal-estar da política, está, e não é de hoje, nessa constante fabricação de um inimigo sem rosto."
'Bolsonaro: o vírus como aliado' — um ensaio de Michel Gherman (NIEJ-UFRJ/University Ben Gurion) e Ronaldo de Almeida (LAR/Unicamp e Cebrap), produzido como resultado da conferência 'Reações religiosas à Covid-19 na América Latina', em junho de 2020, no contexto do projeto 'Bolsonarismo: Novo Fascismo Brasileiro', coordenado pelos professores Eduardo Wolf e Luiz Felipe Pondé e vinculado ao Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Fundação São Paulo/PUC-SP, o Labô.
"Qualquer pessoa que acompanha o debate público brasileiro sabe que reforma política volta e meia está de novo na pauta." Segundo o cientista político Pedro Vicente de Castro, "a ciência política dá razões para que sejamos céticos a respeito desse remédio". Um ensaio que lança uma luz sobre nosso sistema eleitoral e sobre o que talvez (não) resolva alguns de seus problemas.
O Professor Bernardo Sorj, diretor do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais e do Projeto Plataforma Democrática, acaba de lançar seu novo livro: 'Em que mundo vivemos?', uma reflexão muito oportuna sobre as conflituosas e complementares relações entre dois fenômenos constitutivos do mundo contemporâneo — a democracia e o capitalismo. Gentilmente, o Professor Sorj atendeu o Estado da Arte para uma conversa; na pauta, o mundo em que vivemos, o Brasil em que vivemos, esquerda e direita, populismo, autoritarismo, o governo Bolsonaro, de onde viemos e para onde podemos ir.
"Em todos os seus giros principais, o bolsonarismo extraía do lulismo seus marcos retóricos, preenchia-os com o conteúdo de extrema-direita e reinstalava-os no interior de um sistema discursivo baseado no puro fomento de antagonismo em tempo integral." Para Idelber Avelar, "os manifestantes que abraçaram Bolsonaro em 13/03/2016 já buscavam um antipetista não tucano e não pedemebebista a quem abraçar desde 15/03/2015". Um ensaio que busca analisar e compreender os antagonismos represados na sociedade brasileira.
"O fascismo tem voltado, não pelas narrativas fraudulentas propagadas, apenas, mas pela disposição de boa parte da população mundial em lê-las, aceitar acreditar no que elas propagam e, voluntariamente, compartilhá-las em suas redes sociais e com seus contatos no telefone. Tem voltado porque, ao que tudo indica, novamente, ressurgiu a aversão à realidade — imperfeita, heterodoxa, diversa e plural, trazendo de volta o perfeccionismo como vontade generalizada de limpeza, ordem e consistência." Um ensaio de Henrique Raskin sobre nosso perfeccionismo cotidiano.
"Eis o cruzamento entre ironia e fascismo. Diante de múltiplas verdades e mentiras, em meio a um infinito jogo de espelhos, tornamo-nos suscetíveis à mistificação. Embora em desuso, o termo é simples: trata-se de tornar algo banal em uma coisa obscura, divina ou mágica. Ou, a título de exemplo, trata-se de tornar um chulo capitão de infantaria em uma espécie de mito, detentor de virtudes heroicas: sua vulgaridade sugere a franqueza; sua inépcia, simplicidade; suas polêmicas, bravura e martírio. Como o sedutor silencioso e irônico, no qual projetamos todas as qualidades que desejamos, personagens da laia de Jair Bolsonaro são capazes de catalisar as projeções políticas de seu eleitorado, confundindo-as e dissolvendo-as na sua própria personalidade." Para Pedro Augusto Pinto, Jair Bolsonaro é "o melhor exemplo disponível no mercado" para ilustrar o conceito de ironia em Søren Kierkegaard.