Bolsonaro — homem vulgar, tosco, ignorante, mentiroso contumaz e ególatra — converteu-se um pária internacional. Seu governo acabou sem ter começado, no plano substantivo.
A tradição liberal sempre defendeu a manutenção de um governo forte e atuante naquilo que devem ser as suas atribuições fundamentais, saúde, educação e justiça. Podemos discordar nos mecanismos utilizados para atingir esse fim, mas de Locke a Friedman, é pouco provável que um olhar atento nos fará ver uma repulsa pela existência de governos institucionalmente fortalecidos.
Dentre todas as catástrofes da presidência Bolsonaro, a única positiva é a desmoralização do liberalismo. A frase é contraditória, mas é isto mesmo: a desmoralização do liberalismo é uma catástrofe e é ao mesmo tempo um lucro.
Com o desprezo do lado político do conceito de liberalismo, nessa vulgata libertária, fica de lado, por exemplo, uma ideia civilizatória fundamental – aquela segundo a qual pertencer a uma ordem política e jurídica é desfrutar do reconhecimento da condição humana.
Quais as consequências de se reproduzir no Brasil, país (ainda) majoritariamente católico, lusófono e cindido social e economicamente, essa lógica importada por imitadores brasileiros do evangelismo gringo transplantado para o cerne do Poder?
Os principais temas de uma política externa torturada e tortuosa, em uma tentativa de detectar nossas chances de passar impunemente por uma das fases mais sombrias da história do Itamaraty.
Sem líderes consistentes e com um presidente da República desinteressado do tema, despreparado para imprimir qualidade ao processo decisório, a política transcorre com dificuldade. Seria uma oportunidade para os democratas, não estivessem eles afetados pela mesma carência de lideranças e agregação.
Uma governança global democrática apoiada em instituições supranacionais é não apenas inexequível, como também constitui um programa político cujo efeito prático será apenas reforçar teorias conspiratórias. Uma resposta de Benoni Belli a Dominique Rousseau.
A proposta de G.A. Cohen é que políticas públicas devem passar em um teste "interpessoal”: para que sejam válidas, devem reter sua moralidade independentemente de quem as enuncie.