Cinema

PERSONA CINEMA: O paraíso perdido de James Gray

"Depois de explorar as ruas, as noites, os condomínios, os trens, os cheiros e as temperaturas de Nova York nos seus cinco primeiros longas ?—? Fuga para Odessa (1994), Caminho sem volta (2000), Os donos da noite (2007), Amantes (2008) e Era uma vez em Nova York (2013) —, James Gray se afasta de casa, se afasta muito, nos seus dois filmes mais recentes: transita entre a Inglaterra do início do século XX e a selva amazônica em Z: A Cidade Perdida (2016) e viaja até os confins do Sistema Solar em Ad Astra (2019). Abre-se, nesse movimento para fora, uma janela de infinita perspectiva? — ?de fome metafísica? —?, representada, sobretudo, pelas insaciáveis ambições do explorador arqueológico Percy Fawcett e do explorador espacial McBride (o pai), ambos em busca de uma realidade absoluta que transcenda as contingências da vida e que justifique uma jornada que nunca termina." O paraíso perdido de James Gray, por Lucas Petry Bender. Uma parceria do Estado da Arte com a Persona Cinema.

‘La folie’, o acaso e o divino em Éric Rohmer

"Quase como uma teologia, mais do que uma filosofia, as histórias do amor em Rohmer se rebobinam entre personagens, em geral jovens estagnados com algum tipo de insatisfação e que buscam, pela linguagem e pelo arroubo, uma saída para seus dramas íntimos, tantas vezes temporários e até efêmeros. Poderíamos chamar de “dramas existenciais”, mas o termo soa inadequado para Rohmer. A hipótese aqui levantada é a de que o arroubo (“la folie”) responde a desolações cotidianas — de ordem amorosa ou não — ainda que ao decorrer da história tudo se desmanche, que as experiências outrora prazerosas — que criaram alguma expectativa e uma euforia — deixem de fazer sentido porque já não mais pertencem à maior de todas as verdades: a do acaso, que, como uma entidade divina ou sobrenatural, intervém — algo ao mesmo tempo tirado e subvertido da tragédia antiga." ‘La folie’, o acaso e o divino em Éric Rohmer. Por Thiago Blumenthal.

FOCO: Mitos de origem e destino III – O mito da encenação

"Expressar um pensamento por meio do cinema seria possível com a escolha de componentes visuais que, isolados, seriam reais em si, mas cujo fim último seria estabelecer ligações com outros componentes; ligações abstratas, porque inexistentes nas imagens. O mito da encenação propõe uma inversão crucial. Seus defensores acreditam poder abstrair a realidade cênica sem o recurso da montagem; acreditam que essa realidade possa de uma só vez ser abstraída e reforçada em sua concretude. Rejeitar a montagem assertiva, nesse contexto, significa rejeitar a abstração como definida tradicionalmente. Decorre dessa postura uma negação da “linguagem”, mas uma negação que se volta unicamente à linguagem que se exibe enquanto tal." Em parceria com a FOCO - Revista de Cinema, um ensaio de Lucas Baptista sobre o mito da encenação.

O cowboy e o samurai

Um ensaio de José Francisco Botelho sobre "o jogo de empréstimos, espelhos e refrações que se estabeleceu entre o chambara japonês (também conhecido como 'cinema samurai') e o faroeste norte-americano." Um ensaio sobre Ford e Kurosawa.

Alphaville: o surrealismo do perigo e da salvação

Alphaville(1965), de Jean-Luc Godard, desfere o golpe definitivo que nos emancipa do medo da instrumentalização da vida pela técnica. Parece ser, portanto, "um filme sobre o perigo do real e a salvação surreal". As palavras vencem, afinal. Um ensaio de Juliana Fonseca Pontes.

Imagens que nos revelam

Em nosso último editorial, divulgado no dia 11/07/2020, informamos que publicaríamos um artigo dedicado à situação atual da Cinemateca Brasileira. No entanto, para fazê-lo, achamos pertinente convidar alguém que se encontra na linha de frente da batalha, alguém que está lutando diretamente para que essa instituição histórica e crucial não continue sendo vítima da indiferença e do obscurantismo. Roberto Gervitz, montador, roteirista e cineasta, tem sido, já há um bom tempo, uma das vozes mais ativas e importantes sobre o tema. No texto que publicamos hoje, ele transforma em palavras toda a indignação e legimitidade da sua justa luta, que também é a luta de todos nós. Imagens como a da Cinemateca são imagens que nos revelam, em tudo aquilo que somos. Hora de olharmos para o espelho.

Você já viu esse filme

O mais recente filme de Ken Loach aborda a precarização do trabalho e os efeitos disso na vida de uma família. 'Você Não Estava Aqui' (2019) é ficção, mas parece um documentário pré-coronavírus: estão lá o protagonista que faz entregas rápidas, os idosos e a mediação da tecnologia. Você já viu esse filme. Um ensaio de Déborah de Paula Souza.