Quando manifestei em uma rede social meu desgosto com o prêmio Nobel de Literatura dado a Bob Dylan, um amigo americano, que me sabe classicista, comentou: “Se os antigos gregos não distinguiam música de poesia, por que nós deveríamos?”
Quantas vezes, me pergunto, um poema precisará ser lido antes de começar a revelar seus secretos encantos?
Harold Bloom, em seu livro sobre o cânone ocidental, descreve Goethe como uma das vozes mais potentes da nossa literatura. De fato, poucos gênios literários tiveram uma vida tão produtiva.
Quando se é professor, não poucas vezes os alunos aparecem com perguntas que nem séculos de magistério seriam capazes de responder.
Assim como o Universo, naquele infinitamente citável poema de T.S. Eliot, a tragédia de Romeu e Julieta também acaba em um gemido, mas, para que esse gemido traga consigo a máxima concentração de desalento, a peça tem de começar com uma explosão.
Aos 82 anos, com You want it darker, Leonard Cohen não parece disposto a abrir mão de sua busca por gravidade, desenvolvida ao longo dos cinquenta anos de carreira como músico, e desde antes como escritor: uma busca sobretudo estética.
Desculpem-me se me deixo levar pelos acontecimentos. Este espaço deveria ser sempre um refúgio para os leitores de poesia, um lugar de apresentação de tantos poetas ainda pouco conhecidos no Brasil, mas sinto que são necessárias duas ou três notas sobre o Nobel de Literatura conferido a Bob Dylan
Conforme nos garante a sabedoria vernácula, não há nada mais sem graça do que explicar uma piada. E tanto menor será a graça quanto mais minuciosa for a explicação; sob esse ponto de vista, o jazigo do humor é a nota de rodapé.
A Penguin - Companhia das Letras lançou uma nova edição de Romeu e Julieta. A tradução ficou a cargo de José Francisco Botelho, que estreia hoje sua coluna no Estado da Arte. Para celebrar, publicamos trechos de uma das cenas mais famosas da tragédia dos jovens amantes.