Difícil, hoje em dia, confiar num registro tão batido quanto a denúncia da opressão. É um problema grave, porque existem coisas que precisam mesmo ser denunciadas. Mas, como na fábula do menino que gritava "Lobo!", eu ouvi "Lobo!" e não fui verificar.
Os poetas, e é possível averiguá-lo em depoimentos, entrevistas e discursos, determinaram, ao longo do tempo, certos pontos de partida reconhecíveis, que, também por experiência, trato de organizar.
Na terceira e última parte de sua análise dos romances de Cormac McCarthy, Fabrício Tavares de Moraes trata de 'A Estrada' e seu mundo pós-apocalíptico.
Slogans e frases de efeito são hoje publicidade, não poesia. Que se dê àquela o nome desta é o anúncio da devastação de uma cultura – e, cedo ou tarde, o tempo revela os escombros.
Em nossa coluna de hoje, voltamos ao poeta e compositor Leonard Cohen, como motor para uma rápida discussão sobre a poesia que existe para além de sua forma convencional, ou seja, a forma versificada.
Baudelaire teria apreciado essa maneira de fazer as palavras rondarem, sem poderem esgotar, esse estado inexprimível em que a delícia suprema do indivíduo sobrepõe-se ao momento extremo da sua própria aniquilação.
Quando Proust pondera que o homem só se dá conta de maneira integral de sua realidade externa na mudança de posição fica fácil notar o quanto esse movimento é capital para os sentidos entre mente e o espaço que ela (mente) consegue captar, em especial ao narrá-los. Esses locais estão perdidos, já não fazem mais parte do que o narrador chama de sua “realidade”, e portanto sem mapa, sem localização precisa na imensa organização de seu romance.
Os nossos romances modernos estão mais próximos da tradição homérica. Eles querem transmitir algo da vida real do cidadão comum, pintar o mundo, transmitir a sensação de modernidade. Eles podem ser esmiuçados, mas primeiro vão entreter, provocar emoções. Era isso que pretendiam Balzac, Dickens, José de Alencar.
O que mais me agrada é apresentar poetas aos leitores brasileiros.