O retorno da Rússia às manchetes internacionais ultrapassa em muito as ações mais espetaculares do Kremlin, como as intervenções na Geórgia, na Crimeia ou na Síria.
Nos últimos anos, tenho lido basicamente poesia. Sinto que perco, progressivamente, por este hábito, a habilidade de ler romances, que me parecem aborrecidos e lentos, uma espécie de grande atacado onde é preciso muito garimpar para achar um bom produto.
Jorge Luís Borges, com seu habitual chamado à ideia de que a humanidade é sempre a mesma, em cada uma de suas células vitais - a criatura humana -, escreveu no poema "Tu"
“Entre Dom Quixote e o pequeno burguês vitimado pela publicidade, a distância não é tão grande quanto o romantismo gostaria que acreditássemos”, diz René Girard no primeiro capítulo de Mentira Romântica e Verdade Romanesca.
Em seu discurso ao receber o Nobel de Literatura em 1995, o poeta irlandês Seamus Heaney tocou num ponto que me parece essencial para a compreensão da experiência lírica: um poema é uma maneira de perceber o estar no mundo a partir de uma visão que é, ao mesmo tempo, estrangeira e particular.
Não posso deixar de registrar minha tristeza com a morte de Leonard Cohen. Ao lado de Bob Dylan, talvez Cohen seja o compositor pop que mais me fascina.
Um importante historiador aqui de Porto Alegre, Voltaire Schilling, também um leitor feroz, me disse, certa feita, "os leitores são uma espécie de confraria mundial..."
O conto – assim como as opiniões nuançadas, as amizades apartidárias, a lógica aristotélica, o uso da vírgula no vocativo... – é uma das vítimas levianamente sacrificadas em certos altares do gosto contemporâneo.
Quando manifestei em uma rede social meu desgosto com o prêmio Nobel de Literatura dado a Bob Dylan, um amigo americano, que me sabe classicista, comentou: “Se os antigos gregos não distinguiam música de poesia, por que nós deveríamos?”