Lancei ontem, em Porto Alegre, meu terceiro livro de poesia, Em outros tantos quartos da Terra. O anterior, Falso começo, publicado em 2013, já leva quase quatro anos de distância, o que pode dar uma ideia aos leitores da quantidade de material bruto que eu tinha para selecionar.
Existem sentenças que, por mais citadas e desgastadas, ainda preservam certa potência profética, como as lendárias sementes dos túmulos dos faraós, dentro das quais a vitalidade aguarda resignadamente seu florescimento.
Depois de mais de um século da revolução combinada de versos livres e brancos, que está na base de uma parte significativa da poesia moderna, parece que a concepção do fazer poético, daquilo que faz de um poema um poema, ao menos para o público leigo, alterou-se pouco.
“O Ruído do Tempo” foi traduzido para o português no mesmo ano de seu lançamento internacional. Saudado como “a obra-prima de Julian Barnes”, o livro toma por protagonista o compositor Dmitri Shostakovich, certamente um dos mais relevantes criadores do século XX.
Lembro-me do meu avô, o único vivo que ainda tenho, que conheceu o mundo e me puxou pra me contar algo sobre como eu deveria encarar meu futuro. Não deu tempo nem de começar a contar, pois três chineses invadiram a casa bem naquele momento e ameaçaram metralhar todo mundo.
Gosto de pensar que o tempo trai nossas intenções e feitos com mais frequência do que os possíveis desvios morais, do que os pequenos deslizes éticos que tenhamos cometido
Hoje recuperamos uma ideia que está brilhantemente posta na obra On poetry, do poeta Glyn Maxwell, um dos melhores livros que conheço sobre o fenômeno da poesia.
Em uma chuvosa noite de verão em 1936, no plácido balneário de Key West, Flórida, meu poeta favorito levou um soco no meio da cara.
O que diferencia prosa e poesia? Feita a um grupo de estudantes universitários, em uma prestigiosa universidade, a pergunta gerou hesitação.